4 mentiras sobre agricultura familiar

Quando pensamos na indústria de alimentos, muitas vezes, o grande público já imagina megafazendas do agrobusiness, cheias de tecnologia de ponta e mecanização. Essas fazendas existem, de fato. Mas, a enorme maioria delas comercializa seus produtos para a indústria alimentar.

As frutas e legumes que vemos na maior parte dos mercados vêm da dita agricultura familiar. Ou seja, de produtores pequenos, que trabalham, por vezes, sem muitos empregados (ou até sem nenhum), e cujo trabalho vai passando, de pai para filho.

Algo quase medieval, não é verdade? Não, essa é uma mentira que contam a você sobre agricultura familiar.

A agricultura familiar, de fato, não é um trabalho de grande tecnologia. Mas é um trabalho que envolve estudos e saberes. Além disso, o agricultor não conta apenas com a boa-vontade da natureza, para seus plantios crescerem.

A ideia de que a agricultura familiar é algo rudimentar é um mito. Confira aqui mais 3 deles.

 

1.     Agricultura familiar é sinônima de trabalho medieval

Mito completo!

A agricultura familiar é um formato de cultivo da terra que envolve bem menos trabalhadores, tecnologias e produção – e com isso, menos renda.

Isso é, as roças familiares são propriedades menores, gerenciadas por poucas pessoas que são, ao mesmo tempo administradores e lavradores daquelas terras.

Mas não é um trabalho antitecnológico.  Ao contrário, tecnologias para monitorar áreas, analisar quimicamente o solo, facilitar as regas e prevenção de perdas são empregadas, por pequenos produtores.

Além disso, o uso de maquinários como tratores, debulhadoras e similares, acontece há pelo menos 100 anos.

 

2.     Agricultores familiares não têm estudo

Mito. Jovens vindos de um contexto rural também vão à escola, e muitos fazem cursos em áreas como administração, finanças ou engenharia de alimentos.

O aprendizado na pratica acontece? Sem dúvida. Mas não é apenas assim.

Agricultores precisam ter alguma gama de estudos, para poderem equilibrar as contas, entender sobre ciclos de produção, além de pensar (bioquimicamente) os roçados.

Então é mentira, que agricultores familiares não “tenham estudo”.

Vale notar, ainda, que estamos falando de pequenos produtores. Filhos de produtores de nível industrial não são “agricultores familiares”.

 

3.     A agricultura familiar é sem agrotóxicos e transgênicos

Nem todas. E, mesmo aquelas com o selo “Orgânico” usam alguns defensivos agrícolas. Muitas vezes não são defensivos tão tóxicos, mas são substancias químicas, produzidas para evitar pragas.

Elas são frutos de muitos estudos, inclusive em engenharia genética.

Já a parte sobre transgênicos, isso também não é verdade. Alimentos não-transgênicos, ainda assim, passam por uma série de pesquisas, buscando beneficiamentos das safras, e sementes.

Os alimentos não-transgênicos passam por menos processos. Mas nenhum alimento é, totalmente, isento de pesquisas bioquímicas.

 

4.     Agricultores familiares vivem isolados

Outra mentira.

Agricultores familiares vivem em propriedades rurais afastadas de grandes centros, porém, convivem com outras famílias, fazem parte de cooperativas, usam redes sociais, tem smartphones, etc.

Claro, há famílias com pouquíssimos recursos. Agricultores familiares não são ricos.

Todavia, eles não são os fazendeiros sujos, famintos e analfabetos criados pelo senso-comum, para desenhos e novelas.

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