4 dificuldades na tradução de línguas não-ocidentais

 

Se você gosta de estudar línguas diferentes, com certeza já estudou alguma língua de alfabeto não-romano. Você sabe: árabe, japonês, chines, coreano, armênio…

São línguas com bilhões de falantes em todo o mundo, de forma que elas são difíceis (para nós, ocidentais). Porém, são essenciais para a comunicação interpessoal, comercial e política entre pessoas e instituições de um ou outro lado.

Assim, tradutores dessas línguas, no Brasil, por exemplo, são pessoas que dificilmente ficam sem trabalho. Há línguas-francas (inglês, francês, espanhol)? Certamente.

Porém, há documentos que simplesmente não podem ser traduzidos indiretamente (isso é, uma tradução do inglês para o português que, por sua vez, é uma tradução do árabe para o inglês, por exemplo).

Então, tradutores dessas línguas tem uma função vital. E difícil. Extremamente, em alguns casos. Entenda:

 

1.      Sons que “não existem”

Um som “que não existe” parece uma ideia meio absurda. Mas é algo um tanto mais simples, se você considerar que as letras são representações gráficas de sons.

Logo, há fonemas (sons da fala) em árabe ou chines, por exemplo, que são praticamente imperceptíveis em português ou inglês. Porém, são fonemas que têm uma representação gráfica.

Assim, como o tradutor vai representar essa letra, que só existe numa língua, e nessa tem uma função muito específica?

É um verdadeiro trabalho de adaptação e (muitas) pesquisas especializadas.

 

2.      Palavras que “não existem”

As línguas europeias, em sua maioria, têm duas origens: o latim e anglo-saxão. isso garante que línguas como espanhol, português e francês tenham similaridades nos léxicos. Similarmente, acontece algo em inglês, alemão e dinamarquês.

Assim, se uma palavra em dinamarquês tem um significado muito específico, o tradutor pode recorrer a uma que seja aparentada” com ela em alemão, por exemplo.

Isso, porém, é uma dificuldade enorme, se você compara uma língua como persa e português. Suas origens são muito diferentes, logo, há palavras de português e de persa com contextos muito próprios do mundo persa e do mundo lusófono.

Como o tradutor faz, nesses casos? Normalmente, com longas notas de rodapé.

 

3.      Rimas impossíveis

Isso é uma questão muito mais de literatura. Mas o fato é: em poesia, há rimas que só funcionam em uma língua.

Há palavras em japonês que rimam entre si, mas cujos significados (e sinônimos) não rimam com absolutamente nada, quando traduzidos para português, por exemplo.

Esse é um problema que, na enorme maioria das vezes, é intransponível, e, mesmo que cause angústia em tradutores mais experimentados, termina por ser resolvido com recriações literária e notas explicativas.

 

4.      Símbolos que são letra e palavra, simultaneamente

Línguas como japonês, chinês ou hebraico têm letras com a peculiaridade de, ao mesmo tempo, funcionarem como letra ou como palavra.

Há diversos contextos e regras gramaticais, em cada língua, para essas situações. Mas elas existem.

Logo, às vezes, uma sequência de três símbolos em japonês é tanto uma palavra, quanto uma frase. Essa peculiaridade (que aumenta as possibilidades) se perde, totalmente, na tradução para um alfabeto ocidental.

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