Como fazer um texto de jornalismo literário?

 

Uma mistura eficiente de texto jornalístico, com texto literário, o jornalismo literário é um gênero bastante popular, por trazer recortes da realidade, com o lirismo e força, das grandes obras literárias.

Os principais autores do gênero são os americanos Tom Wolfe (1930-2018), Norman Mailer (1923-2007) e Truman Capote (1924-1984) e em outros países, Gabriel Garcia Márquez (1927-2014), Eduardo Galeano (1940-2015) e Svetlana Alexijevich (1948).

No Brasil, temos nomes como Carlos Heitor Cony (1926-2018) e Ruy Castro (1948), e recentemente Daniela Arbex (1973), Chico Felitti (1986) e Bruna Meneguetti.

Contudo, não é um texto fácil de se produzir, pois, se ele falha como literatura, se torna uma prosa enfadonha, e sem objetividade.

Já se ele falha como jornalismo, se torna um relato insosso, e sem grandes novidades.

Logo, o que garante um bom trabalho de jornalismo literário? Como fazer uma boa escrita nesse gênero? Veja algumas dicas no nosso artigo.

 

1.      Tenha objetivos claros

Um texto de jornalismo literário precisa ter objetivos claros. Isso é: não pode trazer muito da subjetividade da literatura, sob o risco de falhar enquanto jornalismo.

Em termos práticos, isso significa que a reportagem deve explicitar qual é o seu objeto de escrita. essa escrita pode ser investigativa, memorialista, ensaística…

Porém, é antes de qualquer outro gênero, uma reportagem.

Ou seja, ela não deve deixar margens para dúvidas, quanto aquilo que é o foco de sua escrita, e tudo mais que for relatado deve servir para complementar e desenvolver esse tema central.

 

2.      Tenha personagens bem desenvolvidas

Embora possa parecer algo difícil, um jornalista também usa personagens. São as pessoas a quem ele entrevista, que ele investiga, que participam da reportagem.

Para tanto, o jornalista precisa desenvolver elas. Como? Afinal, são pessoas “reais”, e não focos de criação literária.

Para tanto, o jornalista precisa se sobrepor ao escritor. Ele precisa analisar, investigar e interpretar as pessoas com quem fala, para compor seu texto.

O jornalista precisa questionar essas pessoas, se ater a comportamentos e fatores que compõem a personalidade da personagem, mesmo que ela não revele isso intencionalmente: tom de voz, hábitos, gestos, uso de certas palavras.

Posteriormente, ele pode usar fatores externos, que são reveladores: roupas, hábitos, gostos, objetos pessoais…

 

3.      De preferência ao “mostrar”

Uma das principais distinções, em termos de criação literária, são as noções de “mostrar” e “contar”.

A ideia principal, teorizada por críticos diversos, é a de que aquilo que você mostra, conta sobre uma (ou mais) ideias. Ou seja, ao invés de impor ideias, você mostra índices que compõem ela.

Ao invés de contar sobre os significados da luta entre Foreman e Ali em A Luta (1975), Norman Mailer mostra reações de pessoas, opiniões, os treinos, e demais detalhes da luta.

Claro que haverá momentos nos quais é necessário contar sobre seu objeto de escrita. Textos de jornal “padrão” focam no “contar” – eles reportam fatos.

Porém, para você dar verve literária a seu texto, prefira mostrar ícones, assim, dando margem a subjetividade dos leitores.

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