Qual é a História do Jogo do Bicho?

 

Um dos mais conhecidos e controversos crimes do Brasil tem sua origem no Rio de Janeiro da Primeira República, em 1892. Trata-se do Jogo do Bicho.

Atualmente, o jogo é uma das principais fontes de renda de organizações criminosas, de forma que as “guerras do bicho” ocasionalmente geram mortes e chacinas. Mesmo assim, e aqui é a parte controversa, o jogo já é parte da vida dos brasileiros.

Quem não tem uma avó ou tia que, de vez em quando, vai à padaria e aproveita pra fazer uma “fezinha” (aposta)?  Quem nunca viu uma bancada no bar mais próximo, com a icônica tabela de animais pregada?

O fato é: o jogo do bicho é uma loteria ilegal, mas aceita e praticada todos os dias por milhares de pessoas. Qual é sua origem? Qual sua influencia no carnaval do Rio?

 

Ajudem os animaizinhos

Na década de 1880, o Rio de Janeiro, então capital do Brasil, vivia um momento de profunda especulação financeira vinha causando um rombo nas contas de comerciantes e donos de terras no Brasil.

Um desses negócios afetados era o Jardim Zoológico do Rio, fundado por João Batista Viana Drummond (1825-1897), o Barão de Drummond. Afetado pelas flutuações, o Zoo não estava conseguindo se manter.

Então o barão criou uma loteria baseada nos animais. A entrada do parque tinha o desenho de um dos bichos, e os sorteios aconteciam no fim do dia.

Foi um imenso sucesso, mas logo o jogo foi expandido para um sistema numérico baseado nos algarismo da loteria. Do parque, foi para as ruas, permitindo que milhares de lideranças locais começassem a enriquecer.

 

Crescimento e associação com o carnaval

Nas primeiras décadas do século 20, bicheiros começaram a fazer sua fortuna, mas na década de 1940, com o aumento da pressão popular contra jogos de apostas, foi declarado ilegal.

Isso não impediu que bicheiros continuassem suas atividades. Muitas vezes, o bicho era usado como uma forma de arrecadar fundos para melhorias em comunidades, tais como as escolas de samba.

O primeiro bicheiro a fazer isso foi Natal da Portela (1905-1975), que usou o dinheiro de seus negócios para financiar a escola e a comunidade local, nos anos 50.

Vendo isso como uma oportunidade de lavar dinheiro, outros bicheiros “investiram” em escolas de samba, como Castro de Andrade (1926-1997) e Capitão Guimarães (1941).

 

As “guerras do bicho”

A partir dos anos 60, alguns bicheiros começaram a praticar outras atividades ilegais, como extorsão (de comércio local), tráfico de bebidas e cigarro, tráfico de drogas, tornando-se milionários.

Porém, o cenário era mais ou menos “estável”. Castor de Andrade era o principal bicheiro do Brasil, e seu poder econômico e político eram tão grandes, que ele era tratado como uma celebridade.

Com sua saúde piorando, no início dos anos 90, surgiram tensões sobre quem herdaria seu legado. Após sua morte, em 1997, as disputas evoluíram brigas territoriais, com frequentes atentados e tiroteios.

Essa é a situação do bicho no Rio, atualmente.

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