Por que ler a obra de Eric Hobsbawm hoje?

 

Eric Hobsbawm (1917-2012) foi um dos maiores historiadores de todos os tempos, e certamente, o maior do século 20. Nascido na Alexandria, naturalizando-se britânico, na Segunda Guerra, é um Historiador que revolucionou sua área.

E em 2022 completa-se 10 anos da morte do autor. Escritor de mais de uma dezena de obras, nas quais analisa minuciosamente eventos dos últimos 200 anos, Hobsbawm ainda é um dos autores de História essenciais, na disciplina.

Claro que algumas de suas obras podem – e devem – ser discutidas, e debatidas. Afinal, os estudos historiográficos e sociais vão sendo modificados, com o passar dos anos.

Porém, é simplesmente impossível que sua bibliografia passe incólume, para aqueles que se interessam por pautas políticas e sociais da era Moderna (a partir dos anos de 1750, aproximadamente).

Logo, surge a pergunta: afinal, por Hobsbawm se destacou tanto? O que faz sua escrita tão importante, ainda hoje?

 

1.      A História do Homem Comum

Antes de Hobsbawm, a historiografia, como um todo, era concentrada nos estudos sobre personalidades políticas.

Hobsbawm é um dos principais autores da dita História do Homem Comum, isso é, proletários, pequenos burgueses, escravizados, dentre outras parcelas, antes, desconsideradas.

Evidentemente que o autor estuda questões centrais, em seus livros. Porém, seu interesse é nas ações e reações da História, a partir de pesquisas sobre a população em geral.

Vale destacar que o autor foi pioneiro, no Reino Unido, em abordagens sobre levantes e motins proletários, no século 19.

 

2.      Um profundo estudioso do capitalismo

Um dos temas principais, na obra de Hobsbawm, foi o estudo crítico da formação e consolidação do capitalismo, enquanto sistema econômico, de suas origens, no século 18, até a contemporaneidade.

Apesar de se focar na Grã-Bretanha, seus estudos revelam sobre o ocidente, de maneira geral.

Para tanto, o autor discute as origens da formação econômica britânica, impactos da Primeira Revolução Industrial e Revolução Francesa, heranças das duas guerras mundiais, até chegar ao cenário inglês dos anos de 1960.

 

3.      Pioneirismo nos estudos sobre a globalização

Hobsbawm também foi um dos primeiros autores a analisar os fenômenos do colonialismo e neocolonialismo nos séculos 19, a partir de uma perspectiva global.

Isso é, a partir uma teoria que procurasse entender como esses sistemas de governo formaram o mundo, politicamente, no século 19. Posteriormente, ele levou esse debate ao século 20, naquele que seria seu livro mais popular – até fora dos meios historiográficos: A Era dos Extremos (1994).

 

4.      Uma História acessível e atual

A principal qualidade da obra de Hobsbawm é sua busca de falar dos reflexos da História, do passado até a contemporaneidade. Ou seja, é uma obra que procura analisar a História antiga como algo vivo, nos dias de hoje.

Sua visão é sistemática: o presente está em diálogo com o passado, é um reflexo vivo dele.

Porém, diferente de alguns de seus pares, Hobsbawm procura fazer esses estudos utilizando uma linguagem acessível a leitores não acadêmicos. Por isso, também, sua obra é tão pular.

 

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