O que é gentrificação? Por que devemos discutir esse tema?

Imagine que em um bairro operário, de casa todas mais ou menos iguais, com várias vendas humildes e serviços locais, de repente, surge um grande empreendimento imobiliário luxuoso. Depois, mais um. Então, é instalado lá um hipermercado multinacional. Por fim, algumas dessas casas tradicionais são demolidas, ou reformadas, e vendidas por valores exorbitantes.

Essa é a realidade de muitas cidades em todo o mundo, e é um processo chamado de gentrificação (do francês genterise – de origem nobre). Embora pareça positivo para alguns urbanistas, geralmente antropólogos e sociólogos veem esse processo com bastante ressalvas.

Entenda:

 

Gentrificar uma área: renovar o ambiente, a começar pelos moradores

Um processo de gentrificação, em geral, constitui-se na expulsão dos moradores tradicionais de um bairro, em detrimento de investimentos imobiliários. Esses investimentos renovam a “cara do bairro”, mas na maior parte das vezes, de forma problemática.

A expulsão, no caso, acontece de várias formas. Moradores irregulares são expulsos pela força policial. Moradores regulares são “expulsos” quando a infraestrutura que o bairro tinha é substituída por uma que não é condizente com a renda básica dos moradores antigos.

Existe uma revitalização dessas áreas? Existe. Mas a qual custo?

O primeiro deles é ao custo da tradição e história local. A gentrificação é um processo autoritário, porque os novos investidores e moradores do bairro moldam o lugar, de acordo com seus gostos e preferências – muitas vezes sem respeitar História e tradição local.

O segundo custo é no que diz respeito à renda. O bairro se torna caro. Moradores antigos não conseguem sustentar seu estilo de vida, pelo aumento dos alugueis, e porque comércios locais são comprados ou falem (pelo surgimento de franquias de multinacionais).

 

Consequências disso

A primeira questão é humanitária. O bairro fica economicamente insustentável para quem já morava lá, logo, essas famílias se veem forçadas a abandonar aquilo que eles tinham como seu lugar de identidade.

A segunda questão é social. A gentrificação expulsa comunidades carentes para longe de centros econômicos. Abre-se um hipermercado, mas todos os funcionários de funções mais braçais dele não tem verba para morar próximos ao trabalho, por exemplo.

Isso leva ao surgimento de bairros cada vez mais afastados, e alguns, construídos às pressas, devido ao êxodo massivo. E esse êxodo produz comunidades sem infraestrutura (esgoto, abastecimento de água, serviços médicos) decente.

Em outras palavras, a gentrificação acentua desigualdades sociais.

 

Prejuízos para os novos moradores

Por outro lado, esse processo não é benéfico, também, para novos moradores, porque aumenta o trafego e concentração de pessoas. Consequentemente, a mobilidade urbana fica reduzida e os custos de serviços (aumenta a demanda, diminui a oferta, já que os estabelecimentos comerciais “desaparecem”) aumentam.

Outro problema é a crise econômica, já que comerciantes locais perdem sua fonte de renda. Alguns perdem o emprego, e os novos serviço nem sempre repõem as vagas perdidas.

Logo, o mais adequado seria uma revitalização do bairro, considerando os moradores antigos. Porém, lobbies de construtoras fazem que isso nem sempre seja possível.

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