O existencialismo na prosa de Clarice Lispector

Saiba mais sobre o estilo literário de Lispector

Clarice Lispector é uma das mais importantes escritoras brasileiras do século XX, reconhecida por sua prosa poética e pela abordagem de temas existenciais em suas obras. Sua escrita, marcada pela exploração da interioridade humana e pela busca do sentido da existência, exerceu uma influência significativa no campo da literatura, especialmente enquanto escritora Clarice Lispector.

O existencialismo é uma corrente filosófica que se desenvolveu no século XX, tendo como principais representantes Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e Albert Camus. Essa filosofia enfatiza a liberdade individual, a responsabilidade pelas próprias escolhas e a busca pelo sentido da existência em um mundo absurdo e desprovido de significado inerente. A cexistencialista, por sua vez, reflete essas preocupações, explorando a angústia, a solidão e a busca pela autenticidade em meio à contingência da vida humana.

A obra "A descoberta do mundo" de Clarice Lispector ganhou adaptação. Imagem: Cabelo Duro Produções)
A obra “A descoberta do mundo” de Clarice Lispector ganhou adaptação. Imagem: Cabelo Duro Produções

A prosa de Clarice Lispector 

A obra de Clarice Lispector, embora não seja classificada explicitamente como existencialista, apresenta diversas afinidades com essa corrente filosófica. Seus personagens, em geral, são indivíduos solitários, imersos em suas próprias reflexões e questionamentos sobre a existência. A autora explora a interioridade desses personagens, revelando suas angústias, medos e anseios mais profundos, em uma busca constante pelo sentido da vida.

Um exemplo marcante dessa abordagem existencialista é o conto “A Imitação da Rosa“, presente no livro Laços de Família. Nessa narrativa, a personagem Laura, após uma internação hospitalar, retorna para casa e se vê confrontada com a banalidade de sua vida cotidiana. 

Ela se sente deslocada e incapaz de se conectar com as pessoas ao seu redor, refletindo sobre a solidão e a falta de sentido em sua existência.Essa sensação de estranhamento diante da realidade é uma característica comum na literatura existencialista, revelando a alienação do indivíduo em um mundo que não lhe oferece respostas definitivas.

Outro aspecto relevante da prosa de Clarice Lispector é a exploração da linguagem como um meio de acesso à interioridade dos personagens. A autora utiliza recursos estilísticos como a fragmentação narrativa, a repetição de palavras e a ambiguidade para criar uma atmosfera de suspensão e incerteza, refletindo a própria condição existencial de seus personagens. 

Reflexo nas obras

Essa linguagem poética e introspectiva é uma marca registrada de Clarice Lispector, distinguindo sua obra de outras narrativas mais convencionais.Aqui estão algumas das obras mais existencialistas de Clarice Lispector com uma breve sinopse de cada uma:

  1. Perto do Coração Selvagem (1943) – Primeira obra de Clarice Lispector, marcada por uma narrativa que explora a interioridade e a busca pelo sentido da existência. O livro apresenta uma reflexão profunda sobre a solidão e a complexidade da vida humana.
  2. A Hora da Estrela (1977) – Neste romance, Clarice Lispector aborda a história de Macabéa, uma migrante nordestina em São Paulo, que enfrenta a solidão e a falta de sentido em sua existência. A protagonista busca significado em meio a uma vida marcada pela simplicidade e pela busca por identidade.
  3. A Paixão Segundo G.H. (1964) – Considerada uma das obras mais complexas de Clarice Lispector, este romance apresenta uma narrativa intensa e introspectiva. A protagonista, identificada apenas como G.H., vive uma experiência existencial profunda ao se deparar com um inseto em seu quarto, desencadeando reflexões sobre identidade, morte e transcendência.

Diante disso, a abordagem existencialista na literatura de Lispector pode ser observada em várias camadas de suas obras, desde romances até contos e crônicas. Ela frequentemente explora a interioridade dos personagens, suas angústias, questionamentos e confrontos com a existência. No entanto, a autora não se limita a uma única corrente filosófica ou existencialista. Sua obra é multifacetada e aberta a diferentes interpretações.

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