Como trabalhar com músicas, para além de Danças?

Uma das artes mais populares, a Música pode ser um importante aliado para práticas educacionais, pois a música ativa diversas áreas do cérebro, devido ao formato como ela é construída: a música tem letra e… “Música”.

O que chamamos de “Música”, genericamente, é a junção de sons, organizados dentro de determinada escala, e por meio de estruturas como melodia, harmonia, ponto, e afins.

Ela pode ou não envolver letra, e essa letra pode ou não ser cantada (por exemplo no rap, ela é falada).

Assim, a música é, primeiramente, uma expressão artística que envolve sons, a fim de criar uma linguagem.

E essa linguagem pode expressar muitas coisas. Pode ser uma música instrumental, para evocar sentimentos ou pode ser uma música cantada, com o conteúdo das mais diversas naturezas.

Logo, sendo uma linguagem expressiva, pode ser utilizada na escola, como recurso didático. Professoras de ensino infantil sabem sobre o poder didático de uma canção.

Basta pensarmos em músicas como

  1. A, B, C;
  2. Cabeça Ombro perna e pé;
  3. 1,2, feijão com arroz.

São alguns dos exemplos mais conhecidos. Se você dá aula para crianças menores de 10 anos, certamente já usou essas músicas nas aulas, seja para ensinar vocabulário, rimas ou treinar corporeidade.

A grande questão aqui é: como usar a música como recurso didático, para além do seu aspecto concreto, tal como vimos acima.

 

As relações entre sons e palavras

Muitos professores dirão que trabalhar música na escola é fácil.

Basta levar uma música, por exemplo, d’O Rappa para falar sobre a questão da violência civil, ou uma música em inglês, para trabalhar com gramática e vocabulário.

Essa perspectiva está correta, e atividades dessa natureza costumam fazer sucesso entre os alunos, uma vez que a música desperta aspectos emocionais nos ouvintes.

Além disso, muitas músicas, como as da banda citada, de cantores de rap, ou ainda clássicos da MPB, como Chico Buarque, são verdadeiras poesias sobre amor, violência, descaso, a passagem do tempo…

Entretanto, essa forma de pensar a obra musical na escola é incompleta. Há um outro enfoque, um pouco mais difícil e exigente – a leitura multisemiótica.

 

Comunicando para além das palavras

A interpretação multisemiótica de uma música pressupõe o entendimento de todos os elementos da música, enquanto elementos comunicativos.

A comunicação feita pelos instrumentos passa uma mensagem; a feita pela letra, outra; da forma como se canta, outra; por fim, juntando as três, temos uma quarta.

Todas essas formas trazem mensagens para uma música.

Por exemplo, em O Patrão Nosso de cada dia, a parte instrumental é contínua e lenta, como o som de um maquinário; já quando Ney Matogrosso canta o nome da música, ele atinge notas agudas, igual uma sirene.

A canção comunica uma situação (o cotidiano em fábricas), usando todos os recursos artísticos que a arte musical permite.

Essa forma de trabalhar engrandece as possibilidades do trabalho com músicas na sala de aula, ao mesmo tempo em que sensibiliza os estudantes para as artes.

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