Por que o Português é a última flor do Lácio?

 

Um dos mais conhecidos versos de Olavo Bilac (1865-1918) chama língua Portuguesa de “a última flor do Lácio, inculta e bela”. O poema ainda hoje confunde estudantes e leitores.

Afinal, por que o poeta chama a língua de “Flor do Lácio”? E porque o português é (ou antes, seria) a última? Para entendermos isso, primeiro, é preciso entender sobre a formação linguística do Latim, e sua evolução no passar dos séculos.

Vamos por partes:

 

Antes do latim

Antes de existir o Latim (hoje, utilizado apenas para em documentos do Vaticano), antropólogos e linguistas acreditam que havia apenas uma única língua, chamada de Proto Indo-Europeu, há mais de 5000 anos, na região sudoeste asiática.

Essa língua é hipotética. Ou seja, não há qualquer registro escrito dela. Há alguns artefatos com sistemas gráficos que poderiam ser chamados de alfabetos, datados mais ou menos, da mesma época.

Mas não é possível afirmar que esses alfabetos sejam representações da língua Indo-europeia. Entretanto, a tese é defendida por linguísticas, que conseguiram identificar elementos comuns em línguas tão díspares como anglo-saxão e o persa.

 

O latim

Nos séculos posteriores, esses povos, forma se dispersando pelo continente europeu e asiático, dando origem a etnias e povos como os mesopotâmios, cartaginenses, persas, fenícios, gregos e romanos.

Foram os últimos que, a partir dos anos finais do primeiro milênio antes de Cristo, começaram a ocupar a região do Lácio, no centro da península italiana e, nos séculos seguintes dominaram a Europa.

A língua dos romanos era o Latim. Porém, o latim não era um, mas vários. Isso é, existia uma gramática latina oficial, falada por políticos, intelectuais e cientistas..

Os militares usavam uma variação dessa, e a população outra, e essas variedades sofriam influencias variadas, como por exemplo da convivência com as populações dos territórios dominados.

 

As flores do Lácio

Dessa maneira, a língua latina foi sendo adaptada e transformada pelos moradores dessas regiões, dando origem a oito línguas “vivas” (ou seja, utilizadas no dia a dia) e uma “morta” (ou seja, sem uso cotidiano).

Das vivas tivemos o italiano, na Itália; o francês e o provençal na França; o espanhol, o catalão e o galego na Espanha; o português em Portugal; o romeno na Romênia.

A língua morta, por sua vez, foi o dalmático, falada numa região da Croácia, e extinta em 1898, com a morte do carteiro Tuone Udaina (1821-1898), último falantes da língua, que aprendeu com seus pais.

 

O português

Assim, chegamos à questão do Português. Inicialmente (antes do século 10), a língua era uma variedade do galego, mas as diversas disputas internas entre povos mulçumanos e povos cristãos foram consolidando a língua em algumas regiões de península ibérica.

Disputas políticas entre povos lusitanos e povos hispânicos também acentuaram as dessemelhanças entre o Português e demais línguas.

Em 1143, D. Afonso Henrique assina um tratado com Afonso VII, fundando Portugal – e consolidando a língua. Assim, o português foi a última língua neolatina a ser politicamente reconhecida.

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