Por que ler Vinícius de Moraes?

 

Um dos poetas brasileiros mais populares de todos os tempos é Vinícius de Moraes (1913-1980). Talvez, grande parte de sua popularidade se deva a sua carreira musical, junto a nomes como Tom Jobim, Chico Buarque e Baden Powell.

Contudo, quando vemos Vinicius na lista de vestibulares e concursos pelo Brasil afora, não é exatamente O Canto de Ossanha ou Garota de Ipanema que os vestibulares pedem. De forma que alguns estudantes acham que estudar sua obra é, antes, beber whisky em Copacabana, ouvindo o Samba da Benção.

Um exagero da minha parte, claro, mas um exagero que serve para reforçar o principal: antes da música Vinícius de Moraes já era um grande poeta. É essa carreira, a que é cobrada nos vestibulares.

O que você sabe sobre a poesia de Vinícius de Moraes?

 

Um poeta modernista

A primeira coisa a ser reforçada, sobre Vinícius de Moraes, é que sua poesia se alinha ao movimento estético chamado de Modernismo. Mais especificamente, à segunda fase do Modernismo.

O Modernismo foi um movimento que começou nas artes plásticas, literatura e demais linguagens artísticas, revolucionando a forma como esses fazeres se davam.

Falamos sobre o Modernismo aqui.

Mas a poesia de Vinicius não parece muito Modernista, não é (leia aqui o Soneto de Fidelidade)?

Mas ela é, e você verá o porquê.

 

Clássico/Modernista

Apesar de ter uma aparência e estrutura “conservadora”, a poesia de Vinícius de Moraes é Modernista. Basicamente, a poesia de Vinícius de Moraes é galgada no impressionismo. Similarmente à poesia de Cecília Meireles.

Ou seja, ele é um poeta de forte enraizamento na Arte Clássica, vide que a maior parte de seus poemas são sonetos – e mais, sonetos com métricas e rimas tradicionais.

E sonetos são uma forma bem clássica. São 4 estrofes, sendo as duas primeiras com 4 versos e as duas últimas com 3. As rimas, por sua vez se dão pelos versos (como você pode ler no Soneto de Fidelidade acima).

Então, por que a poesia de Vinícius de Moraes é Modernista? Pela linguagem que ele emprega nesse formato clássico.

Uma linguagem bastante galgada na oralidade (ainda que seja uma oralidade mais tradicional), a pessoalidade de seu eu-lírico (ou seja, uma visão bastante particular sobre o mundo), o pessimismo irônico, influenciado por autores como o francês Eluard (1895-1952), metáforas e figuras de linguagem inusitadas…

Vinícius dá um tratamento novo, a temas e problemas tradicionais.

 

Formatos não tão tradicionais, também

Vinícius, entretanto, também é o autor de (vários) poemas de formatos mais “Modernistas” no sentido de não parecerem uma poesia tradicional.

Seu poema, depois musicado pela banda Secos & Molhados A Rosa de Hiroshima é um exemplo.

É um poema de começa de forma direta, é marcadamente cubista (ou seja, as estrofes são como se fossem “painéis” do problema maior, que não é abordado diretamente), e utiliza figuras de linguagem, como aliteração.

Assim, sua poesia é uma união entre o formato clássico e inovação, a fim de gerar novas imagens sobre nosso século!

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