Porque tantas cidades do Rio Grande do Sul sofreram com enchentes?
Em abril de 2024, o Rio Grande do Sul se viu em uma das piores crises humanitárias de toda a sua história, devido ao aumento pluvial de rios como o Guaíba, Jacuí, Gravataí, entre outros. O Brasil se uniu para enviar auxilio humanitário ao Rio Grande do Sul, com campanhas dos mais diversos grupos e organizações. Isso levou a um questionamento geral: por que o Rio Grande do Sul foi tão afetado?
Em abril de 2024, o Rio Grande do Sul se viu em uma das piores crises humanitárias de toda a sua história, devido ao aumento pluvial de rios como o Guaíba, Jacuí, Gravataí, entre outros.
Mais de 90% das cidades gaúchas foram afetadas, mais de 600 mil pessoas tiveram suas casas alagadas, e em alguns casos, com a perda total de todos os seus bens. Além disso, produtores agrícolas e criadores de animais de corte e leite sofreram enormes perdas.
O Brasil se uniu para enviar auxilio humanitário ao Rio Grande do Sul, com campanhas dos mais diversos grupos e organizações. Isso levou a um questionamento geral: por que o Rio Grande do Sul foi tão afetado?
E mais: se essa não foi a primeira vez que os gaúchos sofreram com as chuvas, por que dessa vez a situação foi tão calamitosa?
Veja em nosso artigo, e entenda esse problema.
1. Não foi a primeira vez
Em 1941, o rio Guaíba, principal corpo hídrico gaúcho, sofreu um aumento de 4,75 metros, afetando cerca de 15 mil casas. Vale dizermos, contudo que esses números foram bem menores do que os das enchentes ocorridas desde 2023.
Além disso, organização urbanística de Porto Alegre, por exemplo, era diferente em 1941. Depois das enchentes de 1941, a cidade passou por algumas reformas, nas décadas seguintes, com a construção de diques e muros.
Entretanto, a população metropolitana de cidades gaúchas aconteceu de forma desordenada e rápida, nos últimos 60 anos. Isso levou a ocupação de áreas que seriam estratégicas para o escoamento das águas.
Outras enchentes e cheias aconteceram ao longo do século 20, mas sem resultados catastróficos ou alarmantes significativos.
2. Ações do pode público
Outra diferença considerável foi de que o Poder Público gaúcho não realizou uma série de medidas administrativas e infraestruturais, para prevenir e remediar novas enchentes.
Estudos feitos nas primeiras décadas do século 21 mostraram que havia grande incidência e probabilidade de chuvas extremadas, que fossem levar ao aumento do nível dos rios.
No entanto, houve poucas ações concretas, principalmente em cidades menores, e em regiões periféricas. Isso é, não aconteceram políticas urbanas e ambientais de prevenção de catástrofes naturais.
3. Mudanças climáticas e atmosféricas
Outro fator a ser considerado, é no que se referem às mudanças climáticas e atmosféricas, pelas quais o mundo está passando.
Situações como o desmatamento de áreas naturais, o alagamento de áreas, para a construção de hidrelétricas e o aumento de indústrias poluentes afetaram o equilíbrio fisioquímico do planeta, potencializando eventos climáticos naturais.
O El Niño e o surgimento de cavados (regiões atmosféricas com baixa pressão) contribuíram para o aumento de chuvas e ventos, que levaram às cheias dos rios gaúchos.
4. Repensando o futuro
Os eventos de 2024 foram traumáticos e devem servir de alerta: é preciso repensar as politicas públicas de ocupação do espaço natural, tanto por pessoas, quanto por produtores agropecuários.
Cheias são normais, mas elas ocorriam com maior intervalo de tempo, antes das mudanças climáticas. Ou seja, haverá novas enchentes. A sociedade é que precisa pensar ações preventivas para elas.