Por que ler os clássicos?

 

Um dos mais famosos livros de ensaios do escritor italiano Ítalo Calvino se chama Por que ler os clássicos? e nesse, o autor debate justamente essa pergunta-chave que muitos estudantes fazem: por que ler um livro de 100, 200, 500 anos atrás (ou até mais, se formos pensar em Homero).

Um dos argumentos que Calvino não conheceu é muito comum aqui no Brasil: porque cai no ENEM e no vestibular.

Mas, piadas à parte, essa é uma pergunta válida. Por que ler os clássicos?

Para respondermos à pergunta, não vamos fazer resumo do livro de Calvino, e sim uma 4 respostas diretas, que vão fazer você querer se aventurar num soneto de Camões ou numa peça de Shakespeare.

 

1.      Para conhecermos a formação do pensamento de um país

Ler um livro clássico é ler o que forma a identidade de um país.

Mesmo que seja uma identidade questionada, em um livro clássico há elementos que formam o modo como as pessoas daquele país pensam várias situações de sua vida.

Assim, quando pegamos um livro de Balzac (anos de 1830), entendemos por que a França tem um moralismo tão flexível. Quando lemos Machado de Assis, entendemos por que o Brasil tem tanto a cultura da “fofoca”.

Claro que são exemplos exagerados. Porém, a ideia básica aqui é: em um autor clássico há uma forma de pensar que se espalhou por algumas esferas sociais daquele país.

 

2.      Para ampliarmos nosso vocabulário

Ler autores antigos é fácil? Nem sempre.

A linguagem de um escritor como Voltaire (século 18) é muito diferente de um escritor do século 21. Isso acontece porque as línguas mudam, conforme a sociedade muda com elas.

Assim, quando lemos um clássico, passamos a conhecer novas palavras, novas expressões, novas construções linguísticas.

Ou seja, passamos a saber novas formas de se comunicar. Pense bem: o que, hoje em dia é mais significativo do que “olhos de cigana oblíqua”?

 

3.      Para conhecermos nossa História

Um romance não é um livro de História, mas é um livro que fala sobre a História do país de onde surgiu. Mesmo que seja um enredo mitológico, como do Rei Arthur.

Isso porque, quem escreve, nunca constrói um texto sem impregnar (mesmo que de forma sutil) referências à política, costumes, relações sociais e demais questões de sua época.

Assim, mesmo que o Conselheiro Aires não fale sobre a crise monarquia, o livro de Machado de Assis fala – porque a personagem é um sujeito da sua época.

 

4.      Porque ali tem a origem de “tudo”

Quando falamos em “origem de tudo”, o que queremos dizer é que todos os grandes dramas que vivemos hoje, já aconteceram, de alguma forma, no passado.

Brigas de família? Hamlet. A busca do amor? Orgulho e Preconceito. A dificuldade em amadurecer? Tom Jones.

Um livro clássico ficou clássico porque fala de problemas universais e atemporais, e seu enredo, muito provavelmente, surge em produções contemporâneas.

Assim, ler um clássico é acessar uma resposta diferente, pra um problema “de sempre”.

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