O que foi a Geração Mimeógrafo?

 

Um dos mais importantes movimentos culturais do Brasil dos anos 70 foi a Geração Mimeógrafo. Formado por diversos autores com idades entre 20 e 30 anos, as produções dos autores dessa época revolucionaram a cultura brasileira – e em especial a MPB.

Contudo, o movimento, composto por diversos autores (principalmente) do Rio, na verdade, não foi um “movimento”, mas a História assim os convencionou, por encontrar diversas produções com traços estilísticos semelhante.

Entretanto, havia uma coesão e coerência, na produção da maioria dos autores novos daquela época, e isso foi o que marcou essa geração, na cronologia da Literatura Brasileira.

Mas afinal, quais são esses traços estilísticos comuns? Quem eram esses autores? Onde eles estão hoje? Para saber tudo sobre a “Geração Mimeógrafo”, leia nosso artigo.

 

“26 poetas hoje”

O livro que foi decisivo para marcar essa geração de autores foi 26 poetas hoje (1976) de Heloisa Buarque de Holanda (1939). Ali, a autora reuniu e comentou (brevemente) a produção de 26 autores, a partir de um eixo estilístico e temático comum.

Poetas como Ana Cristina Cesar (1952-1983) Francisco Alvim (1938) ou Cacaso (1944-1987) utilizavam uma linguagem intimista e imagens abstratas, para criticar a política e violência, que pairava no Brasil dos anos 70.

Autores como Waly Salomão (1943-2003), José Carlos Capinan (1941) e Torquato Neto (1944-1972), por sua vez, utilizavam a linguagem pop, e influências do rock psicodélico, para criticar as instituições culturais brasileiras e a violência policial.

Já autores como Chacal (1951), Bernardo Vilhena (1949) e Paulo Leminski (1944-1989) utilizavam uma linguagem coloquial, irônica e sarcástica, para criticar a falta de perspectiva social e a violência contra artistas e universitários.

Claro que as explicações são gerais.

 

Produções artesanais

Já o nome “Geração Mimeógrafo” veio do uso do mimeógrafo (aparelho usado para produzir cópias, sem grande custo), por parte desses autores. Alguns até encontravam espaço em editoras convencionais, mas o grosso de sua produção de então era por meio dele.

Isso porque, desde 1964, o Brasil viva uma ditadura militar, e entre os problemas que o governo trazia para o povo, havia a censura.

Assim, todo o tipo de produção audiovisual e impressa que fosse contrária ao governo – ou aos valores impostos – era proibida, perseguida, destruída e seus produtores presos (e eventualmente mortos).

Então, os escritores que pretendiam criticar o governo precisavam fazer isso de forma artesanal. Logo, eles utilizavam os mimeógrafos para produzir seus livros, que ficavam visualmente parecidos com panfletos, em alguns casos.

 

Os anos posteriores

O “movimento” que não era um “movimento” começou a se dispersar, nos anos 80, com a gradual flexibilização da censura.

Muitos dos autores dessa geração pararam de escrever, nessa década, após intensa atividade nos anos 70. Alguns faleceram. Outros continuaram com uma produção intensa.

Porém, a Geração Mimeógrafo deixou muitas heranças. O humor na poesia daqueles autores revolucionou a escrita brasileira. O uso da subjetividade do autor também foi marcante. Já a parte política foi de enorme importância, para a formação crítica de novos autores brasileiros.

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