Dadaísmo: o que é, características e artistas

Dadaísmo, movimento artístico do início do século XX, desafia convenções e racionalidade, propondo uma expressão caótica e provocativa.

O Dadaísmo foi uma vanguarda artística que emergiu no início do século XX como uma resposta visceral e caótica às convulsões sociais, políticas e culturais desse período turbulento. Originário em Zurique, na Suíça, durante a Primeira Guerra Mundial, o Dadaísmo era mais do que um movimento artístico; era uma rejeição radical aos valores tradicionais e à racionalidade burguesa.

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Origem do dadaísmo

Essa vanguarda nasceu em meio ao desespero e à desilusão causados pela Grande Guerra. Seus fundadores, como Tristan Tzara, Hugo Ball e Emmy Hennings, se reuniram em cafés suíços, criando manifestos, performances e arte que desafiavam todas as convenções estabelecidas. O nome “Dada” foi escolhido de forma aleatória, refletindo a rejeição de qualquer significado ou lógica.

Essa corrente artística procurava chocar, provocar e confundir. Suas obras frequentemente envolviam colagens, montagens, performances absurdas e poemas sem sentido. Ela não tinha uma estética definida; sua única constante era a negação total de padrões e expectativas.

Principais artistas

Entre pintores, artistas plásticos, escultores e poetas, nós podemos relembrar:

  • Francis Picabia (França, 1879-1953);
  • Hans Arp (França, 1886-1966);
  • Hugo Ball (Alemanha, 1886-1927);
  • Marcel Duchamp (França, 1887-1968);
  • Max Ernst (Alemanha, 1891-1976).

A chegada ao Brasil

O Dadaísmo logo encontrou eco no Brasil, onde sua mensagem de rebelião e liberdade artística ressoou entre os artistas que buscavam romper com as tradições acadêmicas. Embora tenha chegado com algum atraso em comparação com a Europa, ele deixou sua marca indelével na cena cultural brasileira.

Dadaísmo: o que é, características e artistas (Foto: Unsplash).
Dadaísmo: o que é, características e artistas (Foto: Unsplash).

Na literatura, um exemplo marcante de influência dadaísta é encontrado no autor Mário de Andrade, cujo poema “Ode ao burguês” foi extraído de sua obra “Pauliceia Desvairada”. Dá uma olhada nele!

“Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos;
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os “Printemps” com as unhas!

Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o èxtase fará sempre Sol!

Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano!
“– Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
– Um colar… – Conto e quinhentos!!!
Mas nós morremos de fome!

“Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!

Fora! Fu! Fora o bom burgês!…”

Mário de Andrade

Características do Dadaísmo no Brasil

Aqui, o movimento assumiu uma forma única, se mesclando às características peculiares da cultura e da sociedade brasileiras. Artistas, como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Oswald de Andrade, abraçaram os princípios dadaístas, os incorporando em suas obras e influenciando gerações futuras de artistas.

A presença do Dadaísmo no Brasil pode ser observada em sua arte visual, literatura, teatro e música. O movimento contribuiu para a ruptura com as tradições conservadoras da arte brasileira, abrindo espaço para a experimentação, a irreverência e a liberdade criativa.

Características distintivas dele no país incluem a fusão de elementos dadaístas com temas e imagens tipicamente brasileiras, como o folclore, a natureza exuberante e a diversidade cultural do país. Além disso, o Dadaísmo brasileiro frequentemente abordava questões sociais e políticas locais.

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