Mais de 50% das crianças do 2º ano do ensino fundamental não conseguem ler

O Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (Unicef) avalia que mais da metade das crianças matriculadas no 2º ano do Ensino Fundamental I em escolas públicas ainda não conseguem ler. O Unicef aponta de 56% dos alunos nessa faixa não aprenderam a ler e a escrever. 

De acordo com o Unicef, essa informação parte da análise dos dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2021.

O Saeb consiste em um conjunto de avaliações externas em larga escala que permite que o Ministério da Educação (MEC) faça um diagnóstico da educação básica brasileira e de fatores que podem interferir no desempenho do estudante. 

Os microdados do Saeb 2021 foram divulgados em 30 de dezembro de 2022, no portal do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) autarquia do MEC responsável por realizar o levantamento quanto à qualidade da educação básica no país. Os dados divulgados são referentes às avaliações realizadas durante o ano de 2021.

A alfabetização é uma etapa fundamental para o desenvolvimento acadêmico das crianças.  Imagem: Lúcio Bernardo Jr/ Agência Brasil
A alfabetização é uma etapa fundamental para o desenvolvimento acadêmico dos alunos. Imagem: Lúcio Bernardo Jr/ Agência Brasil

Número de crianças não alfabetizadas aumentou após a pandemia  

Após uma avaliação dos microdados do Saeb, o Unicef afirma que mais da metade dos estudantes do 2º ano do fudamental não foram alfabetizados na faixa etária adequada. Os números de crianças que estão na escola mas não saber ler já eram altos antes da pandemia da Covid-19, chegando a 40%. 

No entanto, a pandemia da covid-19 agravou esse quadro, aumentando em mais de 10% o percentual de alunos do ensino fundamental que ainda não aprenderam a ler e a escrever, mesmo já tendo passado do período da alfabetização na escola. Devido à pandemia, as escolas foram fechadas no Brasil, assim como em diversos outros países, por longos meses, impactando negativamente o processo de ensino-aprendizagem.

A especialista em educação e oficial de Educação do Unicef, Júlia Ribeiro, afirmou que a pandemia teve um grande impacto nesses resultados com a redução dos dias letivos, dificuldade de acesso aos materiais educacionais e a falta de um profissional orientando os alunos mais de perto, como seria na sala de aula. 

Ribeiro explica a alfabetização é uma etapa fundamental da trajetória escolar de crianças e adolescentes. Sendo assim, além de afetar o desempenho acadêmico, o atraso no processo de alfabetização do aluno pode impactar negativamente em toda a sua vida.

Compromisso Nacional Criança Alfabetizada

Para a especialista, o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, lançado pelo MEC, está alinhado às principais estratégias para enfrentar o problema.

O programa prevê medidas para assegurar que 100% das crianças brasileiras estejam alfabetizadas ao final do segundo ano do Ensino Fundamental, além da recomposição das aprendizagens das crianças do 3º, 4º e 5º ano que foram afetadas pela pandemia. O programa deve ser realizado em parceria com estados e municípios.

No entanto, Ribeiro ressalta a necessidade de que haja acompanhamento e monitoramento constante da iniciativa para garantir que ela seja implementada corretamente, alcançando  os resultados esperados.

Conforme divulgado pelo MEC através de nota, todos os estados brasileiros aderiram ao Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. A pasta informou ainda que mais de R$ 620 milhões de investimentos do programa foram executados no ano passado.

Uma das ações previstas pela iniciativa é a instalação de Cantinho de Leitura nas escolas com turma de educação infantil. Outra ação divulgada pelo MEC é o estabelecimento de parceria com cinco universidades, uma de cada região do país, para o oferecimento de formação continuada do Programa de Formação Leitura e Escrita na Educação Infantil para a etapa da pré-escola.

Com informações da Agência Brasil.

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