Concurso Nacional Unificado: oportunidade de participação para a maioria dos brasileiros

Nova iniciativa do governo federal, o Concurso Público Nacional Unificado (CNU) vai oferecer 6.640 oportunidades em 21 órgãos.

O Governo Federal lançou o Concurso Público Nacional Unificado (CNU) para preencher 6.640 vagas em 21 órgãos, incluindo cargos para ensino superior e médio. As inscrições começaram na última sexta-feira (19) e, surpreendentemente, atingiram um recorde de 200 mil inscritos em apenas 24 horas. Até agora, mais de 500 mil pessoas se inscreveram. O concurso, organizado pelo Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), aceitará inscrições até 9 de fevereiro, e a prova está agendada para 5 de maio.

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Pontos positivos do Concurso Nacional Unificado

O novo concurso trouxe avanços significativos, sendo um dos principais a sua abrangência nacional, diferente da prática comum de realizar as provas apenas em algumas capitais. Ao ser aplicado em 220 cidades, abrangendo todos os estados e o Distrito Federal, o concurso democratiza o acesso, beneficiando 95% da população brasileira que reside a até 100 km dessas localidades.

Fernando Coelho, professor de Gestão Pública na Universidade de São Paulo (USP), destaca a importância dessa abordagem para formar uma burocracia pública mais representativa de todo o país. Ele ressalta que isso é um passo fundamental para criar uma burocracia mais comprometida e sintonizada com a realidade pública.

Além disso, outra inovação relevante é a unificação de oito editais temáticos em um único certame. Essa medida impede que os candidatos prestem diferentes concursos públicos, evitando a prática de trocar de cargo apenas pelo salário, sem considerar suas aspirações profissionais.

A mudança no conteúdo programático também se destaca, sendo transversal para sete dos oito blocos, todos de nível superior. Cada bloco é dividido em cinco eixos temáticos específicos, com variação de peso conforme o cargo. O professor Coelho compara o formato das provas com o Enem, chamando-o de “Enem dos concursos”.

Ademais, o certame apresenta uma inovação no desenho do conteúdo programático, adotando uma abordagem interdisciplinar em vez de focar apenas em conteúdos disciplinares e interdisciplinares, como língua portuguesa e língua inglesa. O objetivo é incluir temas cruciais para a gestão pública, como Estado de Direito, democracia e cidadania, políticas públicas, entre outros.

Para Coelho, essa mudança é relevante, pois proporciona um conhecimento mais amplo e necessário para aqueles que desejam trabalhar no setor público.

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Críticas

Para Fernando, apesar dos aspectos positivos, a abordagem do governo em relação ao processo seletivo apresenta algumas preocupações. Uma delas é a realização da prova em um único dia, com a parte da manhã dedicada aos conhecimentos gerais e a tarde aos conhecimentos específicos.

No caso dos cargos de nível superior, a prova consiste em 70 questões: 20 de conhecimentos gerais, 50 de conhecimentos específicos e uma pergunta dissertativa. Essa quantidade é considerada insuficiente ao ser comparada com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que se estende por dois dias, abrangendo 180 questões fechadas, além de uma redação.

Outras preocupações destacadas pelo professor incluem a ausência de avaliação de habilidades práticas e competências comportamentais, uma lacuna persistente nos concursos brasileiros que tradicionalmente se concentram apenas em avaliar conhecimentos por meio de perguntas fechadas e abertas. Adicionalmente, a contratação de quase 7 mil servidores de uma só vez levanta questões sobre a integração desses profissionais, distribuídos em mais de 21 órgãos.

Por fim, o professor ressalta a importância da integração efetiva dos novos servidores, a alocação adequada de suas funções e uma socialização organizacional contínua. A falta desses processos pode resultar na perda do engajamento dos servidores logo no início de suas atividades. Portanto, é crucial focar também no período pós-curso.

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