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A origem de certas expressões
As expressões idiomáticas são um fenômeno linguístico que se refere a frases com sentido figurado. Compostas por duas ou mais palavras, fazem parte da cultura popular de uma língua. Por serem expressões convencionais, são amplamente usadas, mas a origem de muitas é desconhecida. Diferenciam-se dos ditados populares, que geralmente transmitem um ensinamento moral.
Exemplos de expressões idiomáticas:
- Ficar nas nuvens: ficar distraído;
- Andar na linha: agir de forma muito correta;
- Amigo da onça: pessoa falsa;
- Agarrar com unhas e dentes: segurar firmemente algo;
- A cobra vai fumar: haverá confusão ou briga;
- Acertar na mosca: acertar perfeitamente;
- Abrir o jogo: revelar algo;
- Abrir o coração: desabafar;
- Abotoar o paletó: morrer;
- Abandonar o navio: desistir;
- Armar um barraco: causar uma grande confusão;
- Arrancar os cabelos: ficar extremamente estressado.

Mas de onde vêm?
A criação e o uso desses “ditados” têm raízes profundas na história e cultura de diferentes sociedades. Eles surgiram como uma forma de comunicação mais rica e expressiva, permitindo que as pessoas transmitissem ideias complexas, emoções e experiências de maneira vívida e memorável. Aqui estão alguns pontos sobre a origem e o uso:
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- História oral: muitas têm suas origens na tradição oral, onde histórias, mitos, fábulas e provérbios eram passados de geração em geração. Esses contos frequentemente incluíam metáforas e figuras de linguagem que se tornaram expressões comuns.
- Cultura e tradições: elas frequentemente refletem aspectos específicos da cultura, tradições e modo de vida de um povo. Por exemplo, expressões relacionadas a atividades agrícolas, marítimas ou domésticas surgiram em sociedades onde essas atividades eram comuns.
- Influência literária: obras literárias, peças de teatro, poesia e outros textos escritos tiveram uma grande influência na popularização de certas expressões. Escritores renomados, como William Shakespeare, criaram muitas expressões que ainda são usadas hoje.
- Eventos históricos: grandes eventos históricos, como guerras, revoluções e descobertas, também deram origem a novas expressões idiomáticas. Esses eventos frequentemente introduzem novos conceitos e experiências que são encapsulados em expressões.
- Evolução da língua: as línguas estão em constante evolução, e as expressões idiomáticas mudam ao longo do tempo, refletindo as mudanças na sociedade, tecnologia e interação cultural. Novas expressões surgem e antigas podem cair em desuso.
- Influência internacional: a interação entre diferentes culturas, através de comércio, migração, colonização e globalização, resultou na troca de expressões idiomáticas entre línguas e culturas. Algumas expressões são adotadas e adaptadas em diferentes idiomas.
Em resumo, elas são uma parte viva e dinâmica da linguagem, que evolui com a sociedade e reflete a história, cultura e experiências de um povo.
Veja exemplos
Farinha do mesmo saco
A expressão “Homines sunt ejusdem farinae” (homens da mesma farinha, em latim) origina-se de uma metáfora que sugere a separação de farinhas de diferentes qualidades. A farinha de boa qualidade é armazenada em sacos distintos para evitar ser misturada com a de qualidade inferior. Assim, quando alguém diz que são “farinha do mesmo saco”, está implicando que as pessoas boas se associam com outras boas, enquanto as más preferem se associar com outras más.
Tintim por tintim
Presente tanto no português do Brasil quanto no de Portugal, o “tintim por tintim” é usado para indicar uma descrição minuciosa de algo. De acordo com o filólogo brasileiro João Ribeiro, “tintim” é uma onomatopeia que imita o som do tilintar das moedas, ou seja, o som que uma moeda faz ao cair sobre outra.
Originalmente, a expressão “tintim por tintim” se referia a uma conta ou dívida paga até a última moeda, portanto, quando queremos informações detalhadas sobre um fato ou situação, costumamos dizer: “Conte-me tudo, tintim por tintim”.
Novo em folha
Para indicar que algo nunca foi usado ou que está em excelente condição, usamos “novo em folha”. Esta expressão também é empregada para descrever alguém que, após se machucar ou enfrentar uma doença, está recuperado. A origem remonta às folhas de papel brancas, limpas e sem dobras, presentes em livros recém-impressos. Por isso, dizemos que os livros estão “novos em folha”.