Zeugma – o que é e como faz parte do português
É uma figura de linguagem comum no português. Veja também como ela funciona com exemplos práticos e explicações simples.

Você já ouviu ou leu frases como “Ela gosta de praia; ele, de montanha”? Se sim, então já teve contato com um recurso da língua portuguesa chamado zeugma. Essa figura de linguagem, presente tanto na fala cotidiana quanto na literatura, consiste na omissão de um termo já mencionado anteriormente, evitando repetições desnecessárias e tornando a comunicação mais fluida e elegante.
Leia também: O que são os encontros vocálicos? Saiba como reconhecê-los
Ao compreender o que é zeugma e como ela funciona, é possível enriquecer seu repertório linguístico e interpretar melhor os diversos sentidos de uma frase. Ao abordar o tema de hoje, nós vamos explicar o conceito, dar exemplos práticos e mostrar como essa técnica é amplamente utilizada no português.
Zeugma na língua portuguesa
A zeugma é uma figura de linguagem que consiste na omissão de um termo já citado anteriormente na oração, sem comprometer a clareza ou o sentido da mensagem. Trata-se de um recurso estilístico que utiliza o contexto e os elementos gramaticais da frase para completar a informação, evitando repetições desnecessárias e tornando a comunicação mais natural e fluida. Essa figura está presente tanto na oralidade quanto na linguagem escrita, sendo uma ferramenta expressiva que contribui para a elegância e economia do discurso.
Ao empregar a zeugma, conseguimos omitir palavras que seriam repetidas, facilitando a leitura e tornando a construção frasal mais envolvente. O entendimento da estrutura permanece intacto, pois o conteúdo omitido é facilmente identificado pelo ouvinte ou leitor com base no que já foi dito.
Tipos de zeugma na literatura e na música
A seguir, veja alguns exemplos em que a zeugma é usada de forma eficaz:
-
“O colégio compareceu fardado; a diretoria, de casaca.” — Raul Pompeia
-
“Um deles queria saber dos meus estudos; outro, se trazia coleção de selos.” — José Lins do Rego
-
“A vida é um grande jogo e o destino, um parceiro temível.” — Érico Veríssimo
-
“Pensaremos em cada menina / que vivia naquela janela; / uma que se chamava Arabela, / outra que se chamou Carolina.” — Cecília Meireles
-
“O meu pai era paulista / Meu avô, pernambucano / O meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano.” — Chico Buarque
Outros exemplos práticos:
-
Estudei a obra de Machado de Assis; Mariana, de Manuel Bandeira.
-
Eu gosto de funk; minha mãe, de música sertaneja.
-
Na primeira gaveta há folhas; na segunda, canetas.
Zeugma x elipse: entenda a diferença
É comum que a zeugma seja confundida com a elipse, pois ambas envolvem a omissão de termos dentro da frase; no entanto, há uma distinção importante entre as duas: a zeugma omite palavras que já foram mencionadas anteriormente, enquanto a elipse elimina termos que ainda não apareceram, mas que podem ser deduzidos facilmente pelo contexto.
Alguns estudiosos consideram a zeugma uma forma específica de elipse, mas a principal diferença está justamente na posição do termo omitido no discurso.
Exemplo de elipse:
-
“Ficamos ansiosos com o resultado.”
(O pronome “nós” foi omitido, mas é facilmente identificado pelo verbo “ficamos”.)
Exemplo de zeugma:
-
“Joaquim comprou duas calças; eu, uma.”
(O verbo “comprei” está subentendido no segundo trecho.)
Compreensão da elipse
A elipse também intensifica o efeito estilístico de uma frase ao omitir termos cuja presença é intuída pelo leitor. Essa ausência contribui para a leveza e agilidade do texto.
Outros tipos de elipse:
-
“Na minha mesa, papéis e livros.”
(O verbo “haver” está implícito: “há papéis e livros.”) -
“No fim da noite, no chão, pessoas e garrafas.”
(Mais uma vez, o verbo “haver” é subentendido.) -
“Chegamos cedo hoje.”
(O sujeito “nós” está implícito.)
Mais figuras de linguagem
Figuras de linguagem são ferramentas utilizadas para dar expressividade ao texto, enriquecendo o conteúdo e proporcionando múltiplos sentidos às mensagens. Elas aparecem frequentemente em textos literários, jornalísticos e até mesmo na fala do dia a dia.
Essas figuras são divididas em quatro grandes grupos:
-
Figuras de palavras: alegoria, perífrase (ou antonomásia), catacrese, comparação (ou símile), metáfora, metonímia, sinédoque e sinestesia.
-
Figuras de construção: anacoluto, anáfora, anástrofe (ou inversão), hipérbato, sínquise, assíndeto, polissíndeto, elipse, zeugma, silepse, hipálage, pleonasmo.
-
Figuras de pensamento: antítese, apóstrofe, eufemismo, gradação (ou clímax), hipérbole, ironia, paradoxo (ou oxímoro), prosopopeia (ou personificação).
-
Figuras de som: aliteração, assonância, onomatopeia, paronomásia.
Paradoxo
O paradoxo ocorre quando duas ideias aparentemente opostas são combinadas para gerar um novo significado.
Exemplos de paradoxo:
-
Minha prima vive no mundo da lua, passando os dias sonhando acordada.
-
Giovanni é inteligente, mas, se fechar a mente, permanecerá numa sábia ignorância.
-
Coitada da rica menina, sempre mimada e paparicada.
Pleonasmo
O pleonasmo, por sua vez, é a repetição de ideias com palavras diferentes. Pode ser usado de forma proposital para reforçar a mensagem (pleonasmo estilístico) ou pode ser redundante de maneira desnecessária (pleonasmo vicioso).
Exemplos de pleonasmo:
-
Subir para cima.
-
Entrar para dentro.
-
Sair para fora.
Mycarla Oliveira, especialista em língua portuguesa, no portal Pensar Cursos, também detalha sobre “Criando filhos leitores – 4 dicas para incentivar a leitura”, já que o hábito da leitura estimula a criatividade, melhora o desempenho escolar e fortalece o vínculo familiar.