É comum surgir uma dúvida sobre a forma correta de se expressar entre “eu que agradeço” e “eu quem agradeço”, especialmente quando queremos responder educadamente a alguém. Apesar de ambas as expressões serem usadas no dia a dia, apenas uma delas está em conformidade com a norma culta da língua portuguesa.
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Neste artigo, vamos explorar a gramática por trás dessas estruturas, entender as diferenças entre “que” e “quem” como pronomes relativos e esclarecer qual forma é a correta em diferentes contextos.
Eu que agradeço vs. eu quem agradeço
As expressões “eu que agradeço” e “eu quem agradeço” são ambas corretas na norma culta da língua portuguesa. A escolha entre elas depende de uma questão de estilo e ênfase. O gramático Domingos Paschoal Cegalla aponta que os pronomes “que” e “quem”, nesse contexto, funcionam como partículas de realce, ou seja, elementos expletivos que servem para dar mais ênfase à frase, sem alterar seu significado essencial.
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Ao usarmos “eu que agradeço” ou “eu quem agradeço”, estamos apenas acrescentando uma dose de destaque ao ato de agradecer. Se retirássemos esses pronomes, a estrutura básica e o sentido da frase permaneceriam: “eu agradeço”. Apesar de ambas as construções serem aceitas, a forma com “que” é mais comum em situações formais e informais, sendo amplamente preferida entre falantes de português: “eu que agradeço sua atenção”; “eu que agradeço a gentileza”; ou “eu que agradeço o empenho de todos no projeto”.
Essas expressões são frequentemente usadas em respostas a um agradecimento anterior, sinalizando uma reciprocidade de gentileza. Veja um exemplo prático:
- Pessoa 1: “Agradeço imensamente pelo seu apoio ao longo do projeto.”
- Pessoa 2: “Eu que agradeço a chance de contribuir com uma equipe tão dedicada.”
Assim, tanto “eu que agradeço” quanto “eu quem agradeço” estão corretas e eficazes para expressar gratidão de forma enfática e recíproca, com uma leve preferência de uso para a primeira.
Entenda as diferenças
Ao se deparar com expressões como “eu que agradeço” e “eu quem agradeço”, muitos se perguntam qual forma está de acordo com a norma culta da língua portuguesa. Nesses contextos, os pronomes “que” e “quem” atuam como pronomes relativos, ou seja, eles retomam um termo substantivo que os antecede, exigindo uma concordância adequada.
Concordância com o pronome relativo “que”
Quando usamos o pronome relativo “que”, a concordância deve sempre acompanhar o substantivo ou pronome que o antecede. Assim, o verbo ajusta-se ao sujeito mencionado anteriormente. Exemplos:
- Fui eu que agradeci o carinho da família.
- Foram nós que agradecemos os presentes que eles nos deram.
- Foram eles que agradeceram a atenção de todos.
- Foi ela que agradeceu as flores que recebeu do marido.
Como explica o gramático Evanildo Bechara em sua obra “Moderna Gramática Portuguesa”, é obrigatório que o verbo concorde com o sujeito antecedente em estruturas como “sou eu que,” “és tu que,” “foste tu que” e afins. Portanto, a concordância com “que” é sempre realizada com o sujeito antecedente.
Concordância com o pronome relativo “quem”
O pronome “quem” oferece mais flexibilidade e permite dupla concordância, como detalha também Bechara. Nessas construções, há duas possibilidades:
- Concordância com o pronome antecedente: aqui, o verbo concorda diretamente com o sujeito que precede o “quem,” da mesma forma como ocorre com o pronome “que.” Exemplos:
- Fui eu quem agradeci o carinho da família.
- Foram nós quem agradecemos os presentes que eles nos deram.
- Foram eles quem agradeceram a atenção de todos.
- Concordância com o pronome “quem”: Neste caso, o verbo permanece na 3ª pessoa do singular, concordando diretamente com “quem”:
- Fui eu quem agradeceu o carinho da família.
- Foram nós quem agradeceu os presentes que eles nos deram.
- Foram eles quem agradeceu a atenção de todos.
Em resumo, enquanto o uso do pronome “que” exige concordância com o sujeito antecedente, “quem” oferece flexibilidade, podendo seguir tanto o sujeito antecedente quanto permanecer na 3ª pessoa do singular.
Bônus
Por fim, é importante destacar, conforme explica Fernando Pestana em “A Gramática para Concursos Públicos”, que, “se no lugar do pronome reto houver outra palavra, a concordância verbal deve ser feita obrigatoriamente com o termo ‘quem’.” Isso significa que em construções desse tipo, o verbo concorda não com o sujeito anterior, mas com o pronome “quem”. Um exemplo claro é a frase: foram as meninas da limpeza quem fez sucesso. Nesse caso, o verbo “fez” permanece no singular, acompanhando o pronome “quem”, não o sujeito plural “meninas”.