Qual é a importância de ensinar uma História descolonizada?

 

Quando estudávamos sobre a História de um lugar (uma cidade, um país, um continente, a civilização ocidental), em um passado até bem recente (até meados dos anos 90), era muito mais comum que os professores ensinassem uma perspectiva que, hoje, chamamos de “colonizada”.

Como assim? Ao falarmos de Ensino de História, o que a maior parte de nós tem em mente é o ensino de noções q questões como “As Cruzadas”, “O Descobrimento do Brasil”, “A Abolição da escravatura” etc.

São assuntos extremamente importantes, para entendermos sobre nosso país e nossa sociedade mundial, como um todo. Porém, a grande questão aqui é a perspectiva de ensino, sobre essas matérias.

Quando falamos de “Cruzadas”, por exemplo, muito se fala de “Cristãos lutando pelo domínio de Jerusalém”; a “Descoberta do Brasil” foi “Portugueses chegando numa terra selvagem”, etc. ou seja, é uma perspectiva em que os vencedores – ou antes, o lado “ocidental” é colocado como protagonista.

Essa perspectiva serve para entendermos a cronologia geral dos fatos, mas não para entendermos aquilo que é extremamente importante para os nossos dias: o lado humano da História.

 

A história dos derrotados

Quando falamos em “lado humano” da História, não queremos dizer que a História tradicionalmente ensinada não tivesse humanidade. Claro que havia. Mas era da perspectiva dos dominadores – das elites, governantes, nações…

Antes, não tínhamos um ensino de História pautado nas histórias dos derrotados (pessoas negras, indígenas, mulheres), salvo quando essa era construída por homens brancos, vindos de elites econômicas e políticas.

Com o avanço dos movimentos sociais, populações dessas esferas foram tomando consciência de classe, e buscando revisar a história.

Não revisar, no sentido de “perdoar” ou relevar alguns acontecimentos (como fazem alguns extremistas de direita), mas para que fosse incluído, nesse revisionismo, a versão dos derrotados.

 

Mudanças nos significados de episódios da História

Mais do que revisar a História, a “versão dos derrotados” é uma forma de mudarmos as concepções gerais sobre certos grupos e ideias.

Por exemplo, a ideia de uma cruzada pela evangelização do oriente, na Idade Média. Há essa intenção, é claro, e aqui cabe um debate sobre preconceito e extremismo religioso. Por outro lado, uma revisão anticolonialista vai apontar, justamente, para a questão econômica.

Ou seja, em um ensino de História descolonizada, os discursos oficiais caem por terra.

Algumas concepções começam a mudar, com palavras como escravos e índios, por exemplo, pois essas palavras carregam ideologias que, hoje, não correspondem a realidade sobre aquelas pessoas.

Mas ainda há um longo caminho pela frente.

 

“Derrubando” estátuas

O caminho de uma historia anticolonialista passa, necessariamente, pela crítica à ícones que formam nossa sociedade. Afinal, por que devemos ter ruas e logradouros com nomes que remetem à escravocratas ou ditadores?

Além disso, questionar a “culpa” de algumas figuras históricas também é necessário. Por exemplo, Zumbi dos Palmares, que, hoje é, cada vez mais, analisado como um líder político de ex-escravizados (considerando polêmicas).

Apenas dessa maneira, revisando a História, podemos pensar num novo futuro.

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