Por que Jorge Amado é um dos autores mais importantes do Brasil?

 

No Brasil, temos diversos autores que sempre são citados em listas de vestibulares, têm suas obras adaptadas para TV e Cinema, e são mencionados por críticos internacionais.

Nomes como Machado de Assis, Graciliano Ramos ou Clarice Lispector figuram entre esses nomes. E de fato, são autores magnânimos, nas nossas letras.

Porém, um deles se sobressai dentre todos. É Jorge Amado (1912-2001), autor nascido em Itabuna, Bahia, e morto em Salvador. Autor de 36 livros, entre romances, memórias, drama, poesia e crônicas.

Além disso, é um dos autores brasileiros com mais traduções já publicadas – foram versões em mais de 40 línguas, em mais de 50 países.

E para além dos livros, podemos citar as (muitas) adaptações de seus escritos, na TV e no Cinema.

Ou seja, Jorge Amado é um universo. Por que ele é um autor de tanta fama e apreço entre público e críticos?

 

1.      Um Brasil negado pelo Brasil

O primeiro aspecto da obra de Amado que merece destaque é sua temática. São histórias do povo brasileiro real, digamos assim. E mais do que isso, histórias do povo em uma época em que elas eram proibidas.

Livros como Cacau (1933) e Mar Morto (1936) trazem personagens que representam esferas do povo brasileiro que, até então, os autores e críticos negavam e ocultavam.

São livros com pessoas negras e indígenas, frequentadores de cultos de matriz africana, com desejos sexuais e desprezo por valores tradicionais.

Amado foi um dos primeiros autores a citar esse Brasil, que o Brasil varguista tentava esconder. Como consequência, Jorge Amado foi perseguido politicamente, precisou se exilar, teve livros queimados e proibidos

 

2.      Personagens de vanguarda

Parte do apelo político de seus livros deveu-se, também, às personagens, que traziam aspectos de vanguarda em suas construções, porque fugiam dos ideais moralizantes da literatura tradicional.

Podemos citar Pedro Bala de Capitães da Areia (1937), líder do grupo de menores infratores que dá nome ao livro: Pedro é uma criança que teve sua infância roubada, ele briga, fuma, bebe, tem relações sexuais com prostitutas.

Outra personagem famosa é a protagonista do título Dona Flor e seus Dois Maridos (1966), uma dona de casa viúva de um notório boêmio que, ao se casar com um cidadão ilibado, sente-se frustrada, e continua mantendo relações sexuais com o espírito do morto.

Personagens com esses aspectos e personalidades eram proibidas e condenadas pela crítica tradicional, influenciada por instituições como a Igreja e o Governo.

 

3.      Denúncia Política

Amado também foi um autor notável, pela sua literatura politicamente engajada. Embora até os anos 50 ele fosse um membro do Partido Comunista Brasileiro, o autor era um feroz opositor de totalitarismos, de direita ou esquerda.

Em romances como Seara Vermelha (1946) ou Os subterrâneos da liberdade (1954), Amado cria retratos pungentes do descaso político, com a população brasileira mais humilde.

Já em obras como Gabriela, Cravo e Canela (1958), Amado denuncia o abuso de poder de autoridades, sejam elas de base ou oposição.

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