O que foi a Revolta de Ibicaba?

Uma das revoltas trabalhistas de maior impacto, nas Américas, aconteceu justamente no Brasil, no ano de 1856. Trata-se da Revolta de Ibicaba.

O episódio é muitas vezes esquecido ou relevado por historiadores mais tradicionais, mas ele foi extremamente relevante para uma revolução nas relações trabalhistas no Brasil, pois os revoltados não eram pessoas escravizadas, mas trabalhadores “livres”.

Entretanto, essa liberdade era restrita, pois os trabalhadores em questão sofriam enormes cobranças financeiras de seus patrões, justamente, por serem imigrantes europeus.

Para saber mais do caso, leia nosso artigo, e conheça um importante episódio da história brasileira.

 

Antecedentes da revolta

Antes de 1856, o Brasil vivia uma crise interna, porque as crescentes pressões do Reino Unido pelo fim do tráfico de pessoas vinham diminuindo a mão-de-obra escravizada, no Brasil.

Em 1845, com a lei Bill Aberdeen, de proibição de transito de navios negreiros, a situação chegou a seu ápice, pois a lei aprovada na Inglaterra previa sansões a países que a descumprissem. Para o Brasil, recém-independente, o apoio britânico era crucial.

Uma vez que o trabalho nos eitos era exaustivo e causava a mortalidade rápida dos escravizados, os engenhos temiam não ter mais trabalhadores. Logo, começou-se a discutir “soluções”.

Uma delas foi apontada pelo senador Nicolau Vergueiro (1778-1859); logo foi apoiada pro outros políticos de então: a abertura de postos para imigrantes europeus.

Vale dizer que, além de ocuparem as lavouras, os imigrantes “serviriam” para “clarear” a população.

 

A vinda dos imigrantes

Os anúncios de busca por mão-de-obra rural no Brasil atraíram milhares de europeus humildes, de países como Itália, Prússia (atual Alemanha), Espanha e Portugal.

Porém, esses, que em seus países de origem eram mal remunerados, no brasil recebiam um contrato exploratório.

Os modelos de contrato foram estabelecidos pelo próprio Senador Vergueiro, e adiantavam, enormes somas financeiras, para transporte, terras, e bens materiais básicos, para eles começarem sua “vida nova”.

Assim, o europeu chegava a terras brasileiras, endividado. Sua dívida aumentava, na medida em que seu consumo diário acontecia em vendas que eram da posse dos donos das terras onde trabalhavam.

Além disso, havia um “comodato”, em que parte das safras produzidas pelos trabalhadores europeus passava aos fazendeiros.

Somando-se a isso, havia a cultura perpetuada pelos feitores, de tratar os imigrantes com brutalidade, tal qual acontecia com os escravizados.

 

A revolta

A situação era desconhecida do resto do mundo, principalmente, devido à censura imposta aos colonos, pelos fazendeiros. Um desses colonos foi o agricultor suíço Thomas Davatz (1815-1888).

Davatz escreveu um longo relato sobre como eram as condições reais na Fazenda de Ibicaba (atual Limeira), uma propriedade cafeicultora do Senador Queiroz. Com a ameaça as sua integridade, Davatz foi protegido pelos demais agricultores.

Isso levou a revolta de 24 de dezembro de 1856, e, posteriormente, a uma série de mudanças na legislação trabalhista brasileira.

Davatz, por sua vez, desistiu do Brasil, e voltou à Suíça, onde morreu. Seu relato foi publicado por aqui apenas em1951 com o nome Memórias de um colono no Brasil.

 

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