Nesse dia 08 de setembro de 2022, morreu a rainha Elizabeth II, do Reino Unido. Tal fato foi marcante, não apenas pelo fato da morte em si, mas porque Elizabeth era a rainha de um dos mais ricos países de todos, e, carregava uma coroa que, até 100 anos atrás, controlava metade do planeta.
Porém, diferente de reis e rainhas antigos, Elizabeth não era a rainha absoluta. Isso é, a rainha tinha uma função muito específica, com seu país, que era o de atuar, junto à constituição, e legitimando os poderes dos primeiros-ministros – esses sim, eleitos pelo voto direto.
Por quê? Porque o Reino Unido, tal qual países como Dinamarca, Espanha ou Emirados Árabes têm famílias reais, mas, essas estão submetidas a um parlamento ou câmara, escolhida por votação.
Veja Também: 2000 Cursos GRÁTIS para você emitir seu Certificado
São as Monarquias Constitucionais.
Separação dos poderes
Em uma monarquia absoluta, os poderes estão todos concentrados na mão de um único governante. Esse é escolhido pelas mais diversas razões, seja tomada de pode em guerras, motivações históricas, hereditariedade, questões religiosas etc.
Esse tipo de monarquia, hoje, praticamente inexiste. Alguns poucos países no continente Africano e Asiático ainda tem reis absolutos. Em todos os outros onde há casas reais, trata-se de uma monarquia constitucional, e A maior exceção é a Arábia Saudita.
Essa ruptura aconteceu em países da Europa, principalmente, devido às crises políticas motivadas pelo crescimento da burguesia, a partir do século 16.
A fim de se evitar o autoritarismo de monarquistas, diversos movimentos políticos e guerras civis levaram os países europeus a permitirem a eleição de um corpo representativo, eleito por votação de não-nobres.
Autonomia dos três poderes
Essa ideia foi defendida, principalmente, por Montesquieu (1889-1755), quando o filósofo francês fala em dar maior autonomia aos três poderes:
- O Legislativo: uma câmara formada por políticos eleitos, e cuja função é a de aprovar leis, tomar decisões políticas, e afins.
- O Judiciário: formado por juízes, eleitos por nomeação do líder do país, nomeação da câmara, ou demais recursos políticos.
- O Executivo: o governante do país. Em uma monarquia, esse governante é o rei.
Em países como o Brasil, há as eleições para os membros do Legislativo e Executivo. Em países monarquistas, entretanto, a população vota apenas nos políticos do Executivo.
Reis representativos
Logo, surge a pergunta: se o rei é representativo, quem governa o país? É o Primeiro-Ministro, escolhido, geralmente, pelo voto direto da população.
Eventualmente, a escolha é indireta, mas influenciada pela constituição da câmara democraticamente eleita.
O monarca, por sua vez, tem o papel de validar as decisões desse primeiro-ministro eleito, e esse, quase sempre, precisa colocar todas as suas pautas e decisões em votação na câmara ou parlamento.
Dessa maneira, sua figura serve para transmitir estabilidade política ao país. Sua função seria a de fazer valer a constituição, até mesmo convocando novas eleições.
Porém, seu trabalho, de fato, é representar o país politicamente, e apoiar as decisões do Primeiro-Ministro, sem manifestações sobre decisões políticas.
Exatamente o que Elizabeth fez.