Em nossa jornada pela vida, frequentemente nos deparamos com sentimentos complexos que parecem escapar à definição. Essas emoções sutis e muitas vezes indescritíveis refletem a profundidade da experiência humana. Para capturar essas nuances, o designer e escritor John Koenig criou o “Dicionário das Tristezas Obscuras” (The Dictionary of Obscure Sorrows), uma coletânea de termos que nomeiam essas sensações elusivas. A seguir, conheça 23 dessas emoções que muitos de nós já sentimos, mas nunca conseguimos explicar adequadamente.
1. Sonder
Sonder é a compreensão de que cada pessoa ao nosso redor possui uma vida tão intensa e complexa quanto a nossa, com suas próprias ambições, amigos, rotinas e preocupações. É perceber que cada indivíduo é o protagonista de sua própria história. O termo deriva do alemão “sonder”, que significa “especial”, e do francês “sonder”, que significa “sondar” ou “explorar”.
2. Opia
Opia descreve a sensação ambígua ao olhar nos olhos de outra pessoa, onde a intensidade do contato visual pode ser simultaneamente invasiva e vulnerável. A palavra tem origem no grego “ōps”, que significa “olho” ou “rosto”.
3. Monachopsis
Monachopsis refere-se à sutil, mas persistente, sensação de estar fora do lugar. É aquela inquietação que surge quando sentimos que não pertencemos completamente ao ambiente em que estamos. O termo combina o grego “monachos” (solitário) com “opsis” (visão).
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4. Énouement
Énouement é o sentimento agridoce de chegar ao futuro, ver como as coisas se desenrolaram, mas ser incapaz de contar ao seu eu do passado. É a mistura de satisfação pelo desfecho e a frustração de não poder compartilhar essa sabedoria retrospectiva.
5. Vellichor
Vellichor captura a estranha nostalgia que sentimos ao estar em livrarias antigas. É a melancolia evocada pelo cheiro de livros envelhecidos e pelas histórias que eles contêm. O termo é inspirado em “petrichor”, que descreve o aroma da chuva em solo seco.
6. Rubatosis
Rubatosis é a consciência desconcertante do próprio batimento cardíaco. É aquele momento em que nos tornamos hiperconscientes do ritmo pulsante dentro de nós. A palavra combina o termo musical italiano “rubato” (roubado) com “sis”, sugerindo uma condição ou estado.
7. Kenopsia
Kenopsia descreve a atmosfera estranhamente silenciosa de um lugar que normalmente é cheio de pessoas, mas que agora está vazio. Pense em uma escola deserta à noite ou em uma rua movimentada durante um feriado. O termo deriva do grego “kenosis” (vazio) e “opsia” (visão).
8. Mauerbauertraurigkeit
Mauerbauertraurigkeit é o desejo inexplicável de afastar as pessoas, mesmo aquelas com quem temos proximidade. É uma tendência de erguer barreiras emocionais sem razão aparente. Em alemão, “Mauer” significa “muro”, “Bauer” significa “construtor” e “Traurigkeit” significa “tristeza”.
9. Jouska
Jouska refere-se a uma conversa hipotética que constantemente se repete em sua mente. É aquele diálogo imaginário que ensaiamos mentalmente, seja para prever possíveis interações ou para revisitar conversas passadas.
10. Chrysalism
Chrysalism é a sensação de tranquilidade que surge ao estar dentro de casa durante uma tempestade, sentindo-se seguro enquanto o mundo lá fora está em tumulto. O termo evoca a ideia de um casulo (“chrysalis” em inglês), simbolizando proteção e calma.
11. Vemödalen
Vemödalen é a frustração de fotografar algo incrível quando já existem inúmeras fotos semelhantes. É a sensação de que, apesar de nossa tentativa de capturar algo único, isso já foi feito antes. A palavra combina o sueco “vemod” (melancolia) com “dal” (vale), sugerindo uma tristeza profunda.
12. Anecdoche
Anecdoche descreve uma conversa em que todos falam, mas ninguém realmente ouve. É o caos comunicativo onde múltiplas vozes se sobrepõem sem verdadeira conexão ou compreensão. O termo mistura “anecdote” (anedota) com “cacophony” (cacofonia).
13. Ellipsism
Ellipsism é a tristeza de não saber como a história vai terminar. É o sentimento de incompletude ao perceber que não testemunharemos o desenrolar de eventos futuros. A palavra deriva de “ellipsis” (omissão) e “ism” (sufixo que indica uma prática ou filosofia).
14. Kuebiko
Kuebiko é um estado de exaustão causado por atos de violência sem sentido. É a fadiga emocional que sentimos ao sermos bombardeados por notícias de tragédias e crueldades. Na mitologia japonesa, Kuebiko é o deus do conhecimento e da agricultura, representado por um espantalho que observa o mundo sem se mover.
15. Lachesism
Lachesism é o desejo de vivenciar um desastre para mudar a rotina. É aquela curiosa ânsia por uma catástrofe que nos sacuda da monotonia diária.
16. Exulansis
Exulansis é a tendência de abandonar uma conversa sobre uma experiência pessoal porque os outros não conseguem compreendê-la. É a frustração de perceber que, por mais que tentemos explicar, os ouvintes não conseguem se relacionar ou entender plenamente o que estamos compartilhando. O termo deriva do latim “exulans”, que significa “errante”, inspirado no albatroz-errante (“Diomedea exulans”).
17. Adronitis
Adronitis refere-se à frustração com o tempo que se leva para realmente conhecer alguém. É aquela impaciência que sentimos ao perceber que construir uma conexão profunda com outra pessoa pode ser um processo demorado. O termo é inspirado em “adronitis”, uma característica da arquitetura romana antiga, que era um corredor ligando a frente da casa ao complexo átrio interno.
18. Rückkehrunruhe
Rückkehrunruhe é a sensação de inquietação ao retornar para casa após uma viagem imersiva, percebendo que as memórias estão desaparecendo rapidamente de nossa consciência. É a luta para manter vivas as experiências recém-vividas antes que elas se desvaneçam. O termo é uma combinação do alemão “Rückkehr” (retorno) e “Unruhe” (inquietação).
19. Nodus Tollens
Nodus Tollens é a percepção de que a narrativa de nossa vida deixou de fazer sentido para nós. É o sentimento de desorientação ao perceber que a história que contamos a nós mesmos sobre nossa vida não se alinha mais com nossa realidade. Traduzido do latim, significa “o nó que nega o ser negado”.
20. Onism
Onism é a frustração de estar limitado a um único corpo que só pode estar em um lugar de cada vez. É a consciência das inúmeras possibilidades e lugares que nunca experimentaremos. O termo combina “monismo” (a visão de que uma variedade de coisas pode ser explicada em termos de uma única realidade) com “onanismo”.
21. Liberosis
Liberosis é o desejo de se importar menos com as coisas. É a ânsia de adotar uma atitude mais despreocupada e liberar-se das preocupações que nos sobrecarregam. A etimologia vem do italiano “libero”, que significa “livre”.
22. Altschmerz
Altschmerz é o cansaço em relação aos mesmos problemas antigos que sempre enfrentamos – as mesmas falhas e ansiedades que nos atormentam há anos. É a sensação de estar preso em um ciclo repetitivo de desafios emocionais. Do alemão, “alt” significa “velho” e “schmerz” significa “dor”.
23. Occhiolism
Occhiolism é a consciência de quão limitada é nossa perspectiva individual. É o reconhecimento de que nossa visão do mundo é apenas uma pequena janela dentro de uma vasta tapeçaria de experiências humanas. Deriva do italiano “occhiolino”, que significa “pequeno olho” ou “piscadela”, termo que Galileu originalmente usou para o microscópio em 1609.
Essas emoções, embora complexas e muitas vezes indescritíveis, fazem parte da rica tapeçaria da experiência humana. Reconhecê-las e nomeá-las pode nos ajudar a entender melhor a nós mesmos e aos outros, promovendo uma maior empatia e conexão.