Só literatura – 15 poetas brasileiros importantes – parte I
Confira os poetas brasileiros fundamentais na história da literatura nacional na parte I de uma série especial dedicada à poesia.

A literatura brasileira é rica, vibrante e repleta de vozes que marcaram e continuam marcando a história do país com poesia. No post de hoje, nós embarcamos em uma jornada por entre versos e estrofes para apresentar 15 poetas brasileiros essenciais, cujas obras ajudaram a moldar o imaginário nacional.
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Da poesia romântica à modernista, da oralidade à experimentação linguística, esta é a parte I de uma série dedicada exclusivamente à arte literária em sua forma mais lírica: a poesia.
Quem são os principais 15 poetas brasileiros
Ao longo da história da literatura brasileira, inúmeros poetas deixaram marcas profundas com seus versos que atravessam gerações. Nesta seleção especial, reunimos 30 nomes de grande relevância para a poesia nacional — e nesta primeira parte, destacamos 15 deles. A escolha levou em conta a representatividade histórica, estética e temática, buscando abranger diferentes escolas literárias, desde o surgimento da poesia brasileira com traços identitários no Barroco até os movimentos que definiram o Romantismo, o Parnasianismo, o Simbolismo e o Pré-Modernismo. São autores que, cada um a seu modo, contribuíram para a consolidação da poesia como uma expressão rica, plural e profundamente enraizada na cultura brasileira.
Confira os primeiros 15 poetas selecionados:
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Gregório de Matos – conhecido como o “Boca do Inferno”, foi o maior nome da poesia barroca no Brasil, com versos ácidos e críticos.
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Cláudio Manuel da Costa – um dos expoentes do Arcadismo, cuja obra reflete a transição entre o barroco e a busca por equilíbrio clássico.
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Gonçalves Dias – romântico por excelência, destacou-se por seus poemas nacionalistas e indianistas, além da célebre “Canção do Exílio”.
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Álvares de Azevedo – representante do romantismo ultrarromântico, explorou temas como a melancolia, a morte e o amor idealizado.
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Fagundes Varela – também romântico, sua poesia traz forte carga emocional e espiritual, marcada por perdas pessoais e reflexões existenciais.
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Casimiro de Abreu – autor de versos simples e sentimentais, seu poema “Meus Oito Anos” é um clássico da memória afetiva nacional.
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Castro Alves – o poeta dos escravos, conhecido por sua poesia combativa e sua defesa apaixonada da liberdade e da justiça social.
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Olavo Bilac – mestre do Parnasianismo, é lembrado por sua perfeição formal e patriotismo, sendo autor do “Hino à Bandeira”.
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Francisca Júlia – uma das raras vozes femininas do Parnasianismo, foi elogiada por sua técnica refinada e temas filosóficos.
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Raimundo Correia – também parnasiano, trouxe à tona inquietações existenciais com elegância e domínio da linguagem.
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Alberto de Oliveira – completava a tríade parnasiana ao lado de Bilac e Correia, sendo famoso por sua atenção aos detalhes e à estética.
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Vicente de Carvalho – seu lirismo equilibrado transita entre o Parnasianismo e uma sensibilidade que prenuncia o Simbolismo.
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Cruz e Sousa – grande nome do Simbolismo no Brasil, sua obra é marcada por musicalidade, subjetividade e uma visão transcendental.
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Alphonsus de Guimaraens – simbolista místico, sua poesia gira em torno da religiosidade, do amor idealizado e da morte.
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Augusto dos Anjos – poeta inclassificável, transitando entre o simbolismo e o pré-modernismo, ficou conhecido por sua poesia sombria e científica, que chocou e fascinou leitores.
Conheça alguns mais a fundo
Gregório de Matos nasceu em Salvador, na Bahia, em 20 de dezembro de 1636. Ao longo da vida, atuou não apenas como poeta, mas também como juiz e procurador. Faleceu em 26 de novembro de 1696, na cidade do Recife, em Pernambuco. Sua produção literária é um dos principais marcos do Barroco no Brasil.
Entre seus poemas de temática religiosa, destaca-se “Buscando a Cristo”, que revela sua profunda inquietação espiritual e o estilo rebuscado característico da época.
A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas abertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.A vós, pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, pra chamar-me.A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.
Gonçalves Dias veio ao mundo em 10 de agosto de 1823, na cidade de Caxias, no Maranhão. Reconhecido não apenas como poeta, mas também como professor, ele foi uma das figuras centrais da primeira geração romântica no Brasil. Sua vida teve um fim trágico em 3 de novembro de 1864, quando morreu no naufrágio do navio Ville de Boulogne. Entre suas obras mais conhecidas está o icônico poema “Canção do exílio”, símbolo do romantismo nacionalista e da saudade da terra natal.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar, sozinho, à noite
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o sabiá.
Mycarla Oliveira, especialista em língua portuguesa, no portal Pensar Cursos, também detalha sobre “De onde vieram os sotaques brasileiros mais populares no país?”, pois, mesmo que todos falemos português aqui, as variações de pronúncia, entonação e vocabulário entre as regiões formam um verdadeiro mosaico de sotaques que encantam, intrigam e, muitas vezes, revelam a origem de cada brasileiro.