Você se irrita fácil com barulhos? Isso pode indicar um traço específico da sua mente

A irritação com barulhos vai além do simples incômodo. Ela pode impactar sua concentração, seu convívio social e até sua saúde mental.

Sabe aquele barulho que parece inofensivo para todo mundo, mas que te tira do sério em segundos? Pode ser o som de alguém mastigando, o clique constante do teclado, uma respiração mais forte ou até o simples amassar de uma sacola. Se você sente um desconforto real diante desses sons, não está exagerando. Isso pode ser um sinal de uma condição chamada misofonia.

Muita gente passa a vida achando que essa irritação é só “frescura” ou “nervosismo”, mas a verdade é que existe uma explicação científica por trás disso. E o mais importante: você não está sozinho(a).

O que é misofonia, afinal?

A misofonia é uma condição que faz com que certos sons provoquem reações emocionais intensas. Raiva, ansiedade, irritação… tudo isso pode surgir de forma inesperada ao ouvir ruídos específicos, que para outras pessoas passam despercebidos. Não tem a ver com o volume do som, e sim com o tipo de barulho e a forma como ele é processado pelo seu cérebro.

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É importante entender que não se trata de um problema de audição. O seu ouvido está funcionando normalmente — o que acontece é que o cérebro interpreta certos sons como ameaças ou estímulos altamente incômodos. E aí, a resposta emocional vem com tudo.

Quais são os sons que mais incomodam?

Alguns sons são gatilhos bem comuns entre quem tem misofonia. Você pode perceber que alguns deles também te incomodam:

  • Pessoas mastigando ou comendo de boca aberta
  • Respiração alta ou fungadas constantes
  • Estalos de caneta ou dedos
  • Cliques repetitivos do mouse ou teclado
  • Tic-tac de relógio
  • Sussurros ou sons repetitivos de fala

É claro que cada pessoa pode ter os seus próprios gatilhos. Às vezes, um som que não incomoda ninguém ao seu redor pode parecer insuportável para você. E está tudo bem — seu incômodo é legítimo e merece ser levado a sério.

Por que isso acontece?

As causas exatas da misofonia ainda não são totalmente conhecidas, mas alguns fatores podem estar por trás dessa condição:

  • Experiências emocionais passadas: seu cérebro pode ter aprendido a associar certos sons a situações negativas ou desconfortáveis.
  • Sensibilidade neurológica: algumas pessoas têm o sistema nervoso mais sensível e reativo, o que intensifica a percepção dos sons.
  • Fatores genéticos: há estudos que apontam que a misofonia pode ter uma predisposição hereditária.

Ou seja, não é “frescura”, e muito menos exagero. Existe uma explicação real por trás desse incômodo.

Boca de mulher mastigando um chiclete.
Tem gente que simplesmente não suporta ouvir o som de alguém mastigando.
Imagem: Canva

Como saber se isso está afetando sua vida?

A irritação com barulhos vai além do simples incômodo. Ela pode impactar sua concentração, seu convívio social e até sua saúde mental. Se você evita lugares movimentados, se sente ansioso(a) por antecipação ao pensar que pode ouvir um som desagradável, ou se perde o foco com facilidade por causa de ruídos, é possível que a misofonia esteja interferindo diretamente no seu dia a dia.

Tem gente que para de ir a jantares em família por não conseguir lidar com o som de mastigação, por exemplo. Outras pessoas se isolam no trabalho ou usam fones constantemente para fugir dos sons do ambiente. Essas adaptações podem até funcionar por um tempo, mas acabam criando um ciclo de isolamento e estresse.

Existe tratamento? Como lidar com isso?

Ainda não há uma cura específica para a misofonia, mas existem caminhos que podem ajudar você a conviver melhor com a condição:

  • Fones com cancelamento de ruído ou abafadores de som: são ótimos aliados para criar um ambiente mais confortável, principalmente em locais barulhentos.
  • Terapia cognitivo-comportamental (TCC): esse tipo de acompanhamento ajuda a mudar a forma como você reage aos sons, trabalhando seus pensamentos automáticos e estratégias de enfrentamento.
  • Acompanhamento com especialistas: um psicólogo, neurologista ou otoneurologista pode orientar sobre o melhor caminho para o seu caso.

O que realmente importa é acolher o que você está sentindo. Seu incômodo não é “bobeira” nem “drama”. Quando você entende o que está acontecendo, fica muito mais fácil lidar com isso de forma leve e com mais autocompaixão.

Quando procurar ajuda?

Se você sente que está perdendo qualidade de vida, se começa a evitar pessoas, lugares ou situações por medo de barulhos, ou se percebe que a irritação está saindo do controle, é hora de buscar apoio.

O diagnóstico pode ser difícil, porque a misofonia ainda é pouco conhecida, mas um bom profissional pode ajudar você a identificar os sinais e traçar um plano de ação. O primeiro passo é reconhecer o que está sentindo e não se culpar por isso.

Pare e pense um pouco…

Como você tem lidado com os sons ao seu redor? Já se pegou irritado(a) sem entender o porquê? Pode ser que a sua mente esteja tentando te dar um sinal. E entender esse sinal é o começo de uma mudança importante.

Você merece viver com mais leveza, mesmo em meio aos sons do mundo. Não ignore o que seu corpo está dizendo — ele pode estar pedindo cuidado.

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