Trocou “demais” por “de mais”? Veja quando usar cada um
Confira exemplos simples e evite um dos erros mais comuns da língua portuguesa.

Você já ficou na dúvida entre escrever “demais” ou “de mais”? Essa confusão é mais comum do que parece – afinal, a pronúncia é idêntica, mas o uso correto depende do contexto. Enquanto “demais” é um advérbio de intensidade, equivalente a “muito”, a expressão “de mais” é usada quando há uma quantidade a mais de algo. No artigo de hoje, vamos explicar de forma clara e objetiva quando usar cada forma para você nunca mais errar!
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Quando usar “demais” e “de mais”?
É muito comum encontrar pessoas em dúvida na hora de escolher entre “demais” e “de mais”. Apesar de parecerem semelhantes — e até soarem da mesma forma na fala —, essas duas expressões têm usos bem distintos na língua portuguesa. Ambas estão corretas do ponto de vista gramatical, mas empregá-las fora do contexto apropriado pode comprometer o sentido da frase.
O que causa tanta confusão é o fato de que a diferença entre elas é sutil e está diretamente ligada à função que desempenham na frase. “Demais”, escrito junto, é um advérbio de intensidade, ou seja, serve para reforçar ou exagerar uma ideia. Já “de mais”, escrito separado, é uma locução adverbial que indica quantidade e geralmente tem relação com a ideia de “mais do que o necessário”.
Quando usar demais?
A palavra “demais” é usada para indicar intensidade, exagero ou excesso. É como dizer “muito” ou “em excesso”:
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Comi demais no almoço e agora estou passando mal.
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Estou demais de cansado hoje.
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O filme agradou demais ao público.
Além disso, “demais” também pode ser sinônimo de “ademais”, “além disso” ou “além do mais”, funcionando como um advérbio que introduz uma informação adicional:
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O produto é eficiente e, demais, tem um ótimo custo-benefício.
Outro uso comum é como pronome indefinido, com o sentido de “os outros”:
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Os alunos que estudaram tiraram nota alta; os demais ficaram abaixo da média.
Quando usar de mais?
A expressão “de mais” aparece quando queremos falar de quantidade, especialmente em oposição a “de menos”. Ela aparece com frequência em construções que indicam excesso numérico ou quantitativo:
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Havia pessoas de mais na festa — estava lotada.
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Você colocou açúcar de mais no café.
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Não há nada de mais naquela situação — está tudo sob controle.
Note que esse uso se refere à ideia de “mais do que o necessário”, como em “mais ou menos”, e não à intensidade.
Exemplos para não esquecer:
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Certo: Amor demais, nada demais, cedo demais, rápido demais, bom demais.
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Errado: Amor de mais, nada de mais (quando se quer dizer que algo é incrível), cedo de mais, rápido de mais.
Mas atenção! A expressão “nada de mais” está correta quando usada no sentido de “nada em excesso”, como em:
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Não aconteceu nada de mais, foi só um susto.
E o título da série “Três é demais”?
A famosa série americana Full House, que no Brasil ganhou o título “Três é Demais”, pode parecer confusa para quem está aprendendo a diferenciar essas expressões. O título dá a entender que “três” é um número excessivo — ou seja, há intensidade ou exagero na convivência com três crianças. Nesse contexto, o uso de “demais” está adequado, pois remete ao sentimento de “é muita coisa para lidar”. Em inglês, o nome original da série faz alusão a uma “casa cheia”, o que reforça a ideia de excesso.
Portanto, apesar das aparências, a versão brasileira do título está coerente com a proposta da série e com as regras gramaticais da nossa língua.
Mycarla Oliveira, especialista em língua portuguesa, no portal Pensar Cursos, também detalha sobre “De onde vieram os sotaques brasileiros mais populares no país?”, pois, mesmo que todos falemos português aqui, as variações de pronúncia, entonação e vocabulário entre as regiões formam um verdadeiro mosaico de sotaques que encantam, intrigam e, muitas vezes, revelam a origem de cada brasileiro.