Sentimentos como raiva, medo e rancor são conhecidos por afetar o corpo, mas a ciência tem ido além: pesquisadores brasileiros e internacionais estão cada vez mais atentos ao impacto da espiritualidade na saúde física.
Instituições como a Sociedade Brasileira de Cardiologia e universidades como Stanford e Duke, investigam como práticas espirituais e o estado de espírito podem influenciar desde a prevenção até a recuperação de doenças.
Em um cenário onde o estresse e a ansiedade são comuns, entender essa conexão desperta curiosidade e esperança em quem busca qualidade de vida e bem-estar.
O interesse científico não se limita à religião, mas abrange a busca por sentido, propósito e equilíbrio emocional. Estudos recentes apontam que pessoas com maior disposição ao perdão, gratidão e otimismo apresentam menor incidência de doenças cardíacas, depressão e até mesmo internações.
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Mas afinal, o que é espiritualidade para a ciência? Como ela pode impactar a saúde física? E quais práticas são recomendadas por especialistas? Descubra a seguir.
O que é espiritualidade segundo a ciência
Para a ciência, espiritualidade é a busca pessoal por propósito, sentido e conexão com algo maior, seja Deus, a natureza ou valores universais. Não se restringe à religião, mas envolve crenças, valores, tradições e práticas que influenciam atitudes e emoções.
Segundo o médico Álvaro Avezum Júnior, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, a espiritualidade pode ser observada e até mensurada cientificamente, pois afeta diretamente o comportamento e a saúde do indivíduo.
Como a espiritualidade pode impactar a saúde física
Pesquisas mostram que sentimentos negativos, como rancor e raiva, podem agravar doenças como diabetes e problemas cardíacos. Por outro lado, práticas como perdão, gratidão e meditação ajudam a controlar a pressão arterial, reduzir o estresse e fortalecer o sistema imunológico.
O psiquiatra Harold Koenig, da Universidade Duke, destaca que negligenciar a dimensão espiritual é ignorar parte fundamental do ser humano, já que pensamentos positivos e práticas espirituais afetam não só a mente, mas todo o organismo.
Principais estudos científicos sobre espiritualidade e saúde em 2025
Em 2025, centros de pesquisa no Brasil e no mundo continuam ampliando o entendimento sobre a relação entre espiritualidade e saúde. O Programa de Saúde, Espiritualidade e Religiosidade (Proser) da USP e o Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde (Nupes) da UFJF lideram estudos nacionais.
Internacionalmente, universidades como Stanford, Columbia e Munique mantêm centros exclusivos para o tema. Dados recentes apontam que pessoas espiritualizadas apresentam menor mortalidade, menos depressão e melhor resposta a tratamentos, inclusive em doenças graves como câncer e covid-19.
Diferença entre espiritualidade e religiosidade
Embora frequentemente confundidos, espiritualidade e religiosidade não são sinônimos. A religiosidade envolve práticas e crenças ligadas a uma religião específica, enquanto a espiritualidade é mais ampla, podendo existir independentemente de uma fé formal. Uma pessoa pode ser espiritualizada sem seguir uma religião, buscando sentido na vida, conexão com o próximo e equilíbrio emocional.
Depoimentos de especialistas
O médico Frederico Leão, coordenador do Proser, defende que o histórico espiritual do paciente deve ser considerado no tratamento, pois práticas como meditação e oração podem complementar a medicina tradicional.
Já a pediatra Carolina Camargo Vince ressalta a importância de abordar a espiritualidade de forma cuidadosa, especialmente em casos de doenças graves, para não criar falsas expectativas, mas sim fortalecer o emocional do paciente e da família.
Práticas espirituais recomendadas por cientistas
Entre as práticas mais indicadas estão a meditação, o perdão, a gratidão, a oração, o reiki e a ioga. Essas atividades são reconhecidas pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) e oferecidas pelo SUS em grande parte do Brasil.
Segundo especialistas, adotar práticas espirituais alinhadas aos próprios valores pode melhorar o bem-estar, reduzir sintomas de ansiedade e até potencializar o efeito de medicamentos.
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Desafios e limitações das pesquisas atuais
Apesar dos avanços, ainda existem desafios na mensuração dos efeitos da espiritualidade na saúde. Muitos estudos são baseados em relatos subjetivos e há dificuldade em separar o impacto da espiritualidade de outros fatores, como apoio social e estilo de vida.
Além disso, o preconceito e o desconhecimento sobre o tema ainda limitam sua abordagem em consultórios e hospitais. Pesquisadores defendem mais diálogo entre ciência e espiritualidade para ampliar o acesso a práticas integrativas e combater o negacionismo.
Compreender o impacto da espiritualidade na saúde física abre novas possibilidades para o bem-estar e a prevenção de doenças. Integrar práticas espirituais à medicina convencional pode ser a chave para uma vida mais equilibrada e saudável.