A alienação parental continua sendo uma realidade preocupante para muitas famílias brasileiras. Trata-se de um comportamento em que um dos genitores, ou responsável, tenta afastar a criança do outro, afetando diretamente o vinculo afetivo entre eles. Essa prática, embora muitas vezes sutil, deixa marcas profundas na saúde mental da criança e pode gerar graves consequências legais para quem a comete.
Com as recentes decisões judiciais, como a que envolveu o caso de Leo e Dona Ruth, filho e mãe da cantora falecida Marília Mendonça, o tema voltou ao centro dos debates sobre guarda e convivência familiar. Entender o que configura alienação parental, seus efeitos psicológicos e o que diz a legislação brasileira é fundamental para proteger o bem-estar da criança e garantir seus direitos.
O que você vai encontrar por aqui
- O que é alienação parental
- Como identificar os sinais
- Impactos psicológicos em crianças e adolescentes
- O que diz a Lei da Alienação Parental (Lei nº 12.318/2010)
- Casos recentes que ganharam repercussão
- Consequências legais de quem pratica alienação
- Como agir em casos de alienação
O que é alienação parental?
A alienação parental é caracterizada por atitudes do responsável legal que tentam prejudicar a relação da criança com o outro genitor. Isso inclui manipulação emocional, distorção de fatos, criação de falsas memórias e restrição de contato sem justificativa real.
Esses comportamentos podem parecer “protetores” sob a justificativa de zelar pela criança, mas na prática acabam gerando afastamento e conflitos que afetam o desenvolvimento emocional do menor.
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Como identificar os sinais
Os sinais podem variar conforme a idade e a intensidade da alienação. Alguns indícios frequentes incluem:
- Recusa injustificada da criança em ver o outro genitor;
- Relatos da criança que repetem falas do alienador;
- Medo, culpa ou ansiedade exagerada ao falar sobre o outro responsável;
- Apagamento ou rejeição de memorias afetivas positivas;
- Comportamentos agressivos ou desrespeitosos contra o genitor alienado.
Impactos psicológicos da alienação parental
Segundo psicólogos especializados, a alienação parental pode causar:
- Ansiedade e depressão;
- Baixa autoestima;
- Sentimentos de culpa e confusão;
- Dificuldades de relacionamento futuro;
- Distorção da realidade afetiva.
Esses efeitos costumam se agravar com o tempo, especialmente se a criança não tiver acompanhamento terapêutico ou se o conflito familiar persistir.
O que diz a Lei da Alienação Parental
A Lei nº 12.318/2010 define alienação parental como qualquer interferência na formação psicológica da criança com o objetivo de prejudicar seu vínculo com o genitor. Essa legislação estabelece mecanismos legais para coibir tais práticas, como:
- Advertência judicial;
- Multa;
- Inversão da guarda;
- Suspensão do poder familiar;
- Acompanhamento psicossocial.
Essas medidas visam proteger a criança, preservando sua saúde emocional e o direito a convivência familiar equilibrada.
Casos recentes que ganharam repercussão
Recentemente, um dos casos mais discutidos envolveu a família da cantora falecida Marília Mendonça. A Justiça reconheceu práticas de alienação parental por parte da avó materna, Dona Ruth, que teria dificultado o convívio do pequeno Leo com seu pai, Murilo Huff. Além disso, foram apontados indícios de negligência nos cuidados com a saúde do menino.
Imagem: Pinterest
Segundo a sentença, havia provas de que informações importantes sobre o estado de saúde de Leo eram escondidas do pai. Em determinado momento, Dona Ruth teria instruído as cuidadoras a não contarem a Murilo que o menino estava doente, orientando até a esconder medicamentos ou negar o uso de antibióticos.
Leo, que convive com diabetes tipo 1, passará agora a ter contato com a avó apenas quinzenalmente, conforme decisão judicial.
O caso ganhou grande repercussão e trouxe à tona a importância da atuação do Judiciário em proteger o bem-estar e os direitos da criança, especialmente em contextos de conflito familiar.
Consequências legais de quem pratica alienação
Quando a alienação parental é comprovada, a Justiça pode aplicar uma série de medidas contra quem comete esse tipo de conduta. As consequências variam de acordo com a gravidade do caso, mas entre as penalidades previstas estão:
- Advertência formal ao responsável;
- Aumento do tempo de convivência com o outro genitor, visando equilibrar os vínculos familiares;
- Redução do tempo de convivência do genitor alienador;
- Aplicação de multa, em casos de descumprimento das ordens judiciais;
- Encaminhamento da família para acompanhamento psicológico ou biopsicossocial;
- Alteração da guarda, que pode passar a ser compartilhada ou até transferida integralmente ao outro responsável;
- Determinação provisória do local onde a criança deve residir;
- Suspensão temporária da autoridade parental, quando for necessário para proteger o bem-estar do menor.
Essas medidas têm como objetivo principal proteger a criança ou adolescente, restaurar os laços afetivos e garantir um ambiente familiar saudável e equilibrado.
Como agir em casos de alienação parental
Se houver suspeita ou indício de alienação parental, é recomendável:
- Documentar conversas, atitudes e relatos da criança;
- Buscar apoio psicológico para o menor;
- Denunciar ao Ministério Público ou Vara da Família;
- Solicitar avaliação psicossocial da família.
O diálogo, quando possível, ainda é o melhor caminho. Mas, em situações em que há risco emocional, a atuação da Justiça se torna indispensável.