Considerada uma das obras mais importantes da literatura mundial, “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, transcende séculos com sua narrativa épica e simbólica sobre a jornada da alma. Escrito no século XIV, o poema apresenta a viagem do próprio Dante pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, guiado pelo poeta Virgílio e, posteriormente, por Beatriz. Com uma estrutura meticulosa e uma riqueza filosófica e teológica impressionante, a obra influenciou gerações de escritores e pensadores. Neste artigo, exploramos os principais aspectos desse clássico atemporal, sua importância na literatura e por que ainda fascina leitores até hoje.
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Análise de “A Divina Comédia”
Personagens em três categorias
Protagonistas
Os centrais da obra incluem:
- Dante – o próprio autor, que assume o papel de protagonista em sua jornada pelos três reinos do além.
- Virgílio – poeta da Antiguidade que guia Dante pelo Inferno e Purgatório.
- Beatriz – símbolo da pureza e da fé, conduz Dante na etapa final, rumo ao Paraíso.
Personagens do Inferno
O Inferno é povoado por figuras mitológicas, históricas e contemporâneas de Dante. Alguns dos mais marcantes incluem:
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- Caronte, Minós, Cérbero, Plutão e Gerion, criaturas míticas que desempenham papéis de guardiões e juízes.
- Poetas da Antiguidade como Homero, Horácio, Ovídio e Lucano.
- Personagens trágicos como Paolo e Francesca, condenados por seu amor proibido.
- Figuras históricas e políticas como Conde Ugolino, Caifás, Nicolau III e Judas Iscariotes.
- Grandes guerreiros como Ulisses e Diomedes, além de personagens como Maomé e Bruto.
- O próprio Lúcifer, representado no círculo mais profundo, aprisionado no gelo.
Personagens do Purgatório
Neste reino, Dante encontra almas que buscam a purificação antes de alcançar o Paraíso, incluindo:
- Catão de Útica, guardião da entrada do Purgatório.
- Manfredo, príncipe excomungado que pede orações para sua redenção.
- Poetas e intelectuais como Sordello, Guido del Duca e Arnaut Daniel.
- Nobres e governantes como Nino Visconti, Hugo Capeto e Provenzan Salvani.
- Santos e figuras espirituais como Estácio, que alcança a salvação ao lado de Dante.
Personagens do Paraíso
Aqui, Dante encontra almas iluminadas que refletem a glória divina. Entre elas:
- Piccarda, que relata sua história no primeiro céu.
- Justiniano, imperador romano que fala sobre a justiça divina.
- Santo Tomás de Aquino, São Boaventura, Rei Salomão e outros sábios.
- Virgem Maria, São Pedro, São João, Cristo e São Bernardo, que conduzem Dante em sua jornada final.

Tempo em “A Divina Comédia”
A obra segue uma estrutura cronológica e se passa no início do século XIV, coincidindo com o período de vida de Dante. A narrativa acompanha sua viagem espiritual ao longo de uma semana, durante a Páscoa.
Espaço em “A Divina Comédia”
A jornada do protagonista se desenrola em três grandes reinos metafísicos:
- Inferno – um abismo dividido em círculos, onde as almas condenadas sofrem punições eternas.
- Purgatório – uma montanha onde os espíritos buscam purificação antes da ascensão ao Paraíso.
- Paraíso – a morada celestial, representada por nove esferas de luz e pela visão da glória divina.
O enredo
Dante, protagonista de “A Divina Comédia”, tem 35 anos e se vê perdido em uma selva simbólica. Para sair dali, precisa enfrentar três feras representativas – uma onça, um leão e uma loba. Após superar esse desafio, ele encontra o espírito do poeta Virgílio, que se oferece para guiá-lo em uma jornada pelo Inferno e pelo Purgatório.
Virgílio explica que Beatriz, a musa de Dante, desceu do Paraíso para pedir que ele ajudasse o poeta. Símbolo da razão e do conhecimento clássico, Virgílio acompanha Dante rumo ao Inferno, onde ambos testemunham as penas destinadas a diferentes tipos de pecadores.
No rio Aqueronte, Caronte transporta as almas condenadas. No Limbo, encontram figuras virtuosas não batizadas, como Homero, Ovídio e Lucano. No segundo círculo, os luxuriosos, como Paolo e Francesca, sofrem sua punição. No terceiro, os gulosos são atormentados por Cérbero. No quarto, avaros e pródigos pagam por seus excessos, enquanto no quinto, estão os iracundos. A jornada continua até a cidade de Dite, onde os heréticos enfrentam seu castigo.
No sétimo círculo, guardado pelo Minotauro, são punidos os violentos, incluindo suicidas e blasfemos. No oitavo, encontram-se os fraudulentos, como o papa Nicolau III. Por fim, no nono círculo, onde estão os traidores, Dante e Virgílio chegam até Lúcifer antes de seguir para o Purgatório.
No Purgatório, as almas cumprem suas penas para alcançar a purificação. Ali, Dante e Virgílio passam pelo Antepurgatório e encontram espíritos em busca de redenção, como os orgulhosos que carregam pedras pesadas e os invejosos, com pálpebras costuradas. Após atravessarem esse caminho de purificação, Dante se despede de Virgílio, pois ele não pode entrar no Paraíso.
Beatriz então assume o papel de guia e conduz Dante pelo Paraíso, esclarecendo suas dúvidas sobre religião, filosofia e política. Ele encontra figuras históricas, como Justiniano, e recebe previsões de seu trisavô Cacciaguida. Ao final da jornada, Dante alcança a visão de Deus, encerrando sua busca pela redenção e pelo conhecimento.
“A Divina Comédia” atravessa os séculos como uma obra-prima que mistura fé, crítica social e reflexões sobre a existência. Ao longo do poema, Dante não apenas exalta os princípios do catolicismo, mas também questiona a corrupção da Igreja e debate temas como política e filosofia, consolidando seu legado na literatura mundial.