O debate sobre a redução do tempo de trabalho ganha força no Brasil em 2025, impulsionado por mobilizações nas redes sociais e propostas legislativas que desafiam o tradicional sistema de trabalho 6×1 (seis dias de trabalho para um de descanso). A expectativa de muitos brasileiros é grande: afinal, a carga de 36 horas semanais pode mudar radicalmente o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, sem cortar salários.
Como funciona a proposta para 36 horas semanais?
Duas principais propostas estão tramitando no Congresso Nacional, cada uma com características e etapas distintas. Uma encontra-se em análise no Senado Federal, com maior avanço, enquanto a outra está parada na Câmara dos Deputados.
Proposta no Senado Federal
A pauta no Senado é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 148/2025, de autoria do senador Paulo Paim e relatada por Rogério Carvalho. Ela prevê redução da carga máxima de trabalho para 40 horas no primeiro ano após aprovação, com redução anual de uma hora até atingir o limite de 36 horas semanais ao longo de cinco anos.
- Fim da escala 6×1: Limite de cinco dias de trabalho por semana, com dois dias de descanso (preferencialmente sábado e domingo);
- Manutenção dos salários: Não há previsão de corte salarial com a diminuição da carga horária.
A proposta visa beneficiar mais de 150 milhões de brasileiros, de acordo com o relator, ajudando na saúde, qualidade e segurança no ambiente de trabalho.
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Proposta na Câmara dos Deputados
No âmbito da Câmara, a PEC 8/2025, de Erika Hilton, reúne grande apoio popular após campanha nas redes sociais. No entanto, está travada em uma subcomissão especial e não avança para votação. O relatório do deputado Luiz Gastão propõe alternativas mais brandas e não extingue a escala 6×1, alegando preocupação com o impacto nas pequenas empresas e riscos de aumento do desemprego e queda de produtividade.
Motivos para a redução da carga de trabalho no Brasil
Dentre os principais argumentos favoráveis, está a melhora das condições de vida dos trabalhadores. O excesso de trabalho é associado ao aumento de acidentes, queda de produtividade e sérios impactos na saúde. O Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), surgido das redes sociais, reforça a busca por equilíbrio e qualidade de vida, sendo parte ativa na pressão por mudanças.
O papel do Governo Federal na mudança
O governo Lula declarou apoio à agenda de redução da carga de trabalho, demonstrando disposição para abraçar a proposta que avance mais rapidamente pelo Congresso Nacional. A expectativa é que o texto aprovado no Senado ganhe priorização, dado seu estágio avançado.
O que falta para virar lei?
Apesar do avanço, ainda são necessários vários passos para que a redução para 36 horas semanais se torne efetiva:
- Aprovação no plenário do Senado Federal;
- Análise e votação na Câmara dos Deputados (se aprovado sem alterações, segue ao Presidente);
- Sanção ou veto presidencial por Luiz Inácio Lula da Silva.

Se aprovada, a matéria será encaminhada e debatida pela Câmara. Mudanças substanciais podem renovar o debate e adiar ainda mais a aprovação final.
Ceticismo e críticas sobre a proposta
Setores do comércio e da indústria apelam por cautela, indicando que a adoção do novo regime pode afetar especialmente as pequenas e médias empresas, as quais já enfrentam altos custos trabalhistas. Representantes das principais entidades patronais alegam que, desde os anos 1980, a produtividade do país não cresce de forma consistente, o que dificultaria a adoção de regras mais rígidas sem comprometer a sustentabilidade econômica.
A mobilização dos trabalhadores
A discussão explodiu em 2023, após um vídeo viral do ex-balconista Rick Azevedo, eleito vereador, que criticou a escala 6×1 como ultrapassada. O caso gerou o movimento “Pela Vida Além do Trabalho” e levou mais de 2 milhões de assinaturas a um abaixo-assinado digital, facilitando que o tema ganhasse visibilidade no Congresso Nacional.
Impactos esperados e o futuro das relações de trabalho
Os apoiadores veem a transição para uma semana de 36 horas e dois dias de descanso como o caminho para benefícios sociais, mais bem-estar e melhor distribuição dos empregos. Por outro lado, há temor de demissões e aumento dos custos para empregadores, que buscam garantir competitividade sem alienar trabalhadores.
A experiência internacional indica que métodos de trabalho mais sustentáveis podem motivar melhorias em produtividade a longo prazo, mesmo que haja resistência inicial.
Resumo: O que esperar nos próximos meses?
Quem acompanha as mudanças trabalhistas deve manter atenção às próximas votações no Senado e à movimentação da pauta na Câmara. A aprovação depende do ritmo político, dos acordos entre as bancadas e da pressão popular que alimenta o tema desde o início. Enquanto isso, milhões de brasileiros aguardam por decisões que podem transformar a dinâmica do trabalho no país.
Perguntas Frequentes
- O que é a proposta de redução para 36 horas semanais? A proposta busca reduzir a carga máxima de trabalho dos atuais 44 para até 36 horas semanais, sem corte de salários, e limitando o trabalho a cinco dias por semana, com dois de descanso.
- Qual a diferença entre as propostas do Senado e da Câmara? A do Senado está mais avançada e prevê redução gradual até 36 horas, já a da Câmara segue parada, propõe transição diferente e não extingue a escala 6×1.
- O governo apoia a redução da carga horária? Sim, o governo Lula já declarou apoio às propostas e está inclinado a apoiar aquela que tramitar mais rápido.
- Os salários vão diminuir se a carga horária cair? Não, as propostas analisadas garantem manutenção dos salários com a redução da carga horária.
- O que falta para virar lei? Aprovação no plenário do Senado, depois na Câmara e finalmente a sanção ou veto do presidente.
- O que é a escala 6×1? É o regime onde se trabalha seis dias e descansa um, frequentemente considerado exaustivo.
- A proposta é válida para todas as categorias? O texto em tramitação prevê abrangência ampla, mas detalhes dependem do debate final no Congresso.
- Como surgiu o Movimento Vida Além do Trabalho? O movimento nasceu a partir de mobilização nas redes sociais, após vídeo viral criticando a escala 6×1.
- Quais as críticas dos empregadores? Argumentam que as mudanças poderiam elevar custos, prejudicar pequenas empresas e aumentar o desemprego.
- Quando a mudança pode entrar em vigor se aprovada? O projeto prevê redução já no primeiro ano de aprovação, mas depende do calendário legislativo.








