O avanço veloz da inteligência artificial (IA) tem provocado mudanças no modo como a sociedade estrutura suas atividades econômicas e profissionais. Com dispositivos cada vez mais avançados, a automatização tornou-se dominante em muitas áreas, gerando questionamentos quanto à permanência de velhos cargos e à criação de novas demandas.
Atualmente, “carreiras extintas” já integram o vocabulário de quem observa o cenário de trabalho, sobretudo após relatórios como o da OpenAI apontarem que 44 profissões nos Estados Unidos estão sob alto risco de desaparecer em breve. Nesse contexto, o impacto da IA não se limita ao setor tecnológico: ele se alastra pelo comércio, serviços e indústrias tradicionais.
Como resultado da adoção crescente de algoritmos inteligentes e automação de processos, vagas em funções que antes eram abundantes começaram a rarear. Consequentemente, a requalificação e o aprendizado contínuo se apresentam como alternativas para quem busca manter relevância no mercado de trabalho moderno. Além disso, a adaptação tornou-se cada vez mais necessária diante das transformações constantes impulsionadas pela tecnologia.
Setores mais afetados pela automação
Em primeiro lugar, o comércio aparece entre os setores mais atingidos pela substituição da força de trabalho humana por máquinas e sistemas inteligentes. Caixas de supermercado, por exemplo, foram amplamente substituídos por sistemas de autoatendimento e aplicativos de pagamento eletrônico.
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Dados recentes mostram que 81% das atividades tradicionais de balcão já podem ser realizadas por máquinas, enquanto funções de logística no varejo também estão sob ameaça.
No setor bancário, caixas e atendentes presenciais vêm sendo substituídos em larga escala por soluções digitais, aplicativos de bancos e totens de atendimento. Dessa forma, estima-se uma redução de mais de 85 mil postos de trabalho de bancários apenas nos últimos cinco anos em grandes países latinos, refletindo a forte adesão das instituições financeiras à tecnologia como recurso para redução de custos e otimização de atendimento.
Produção industrial e funções operacionais
Enquanto isso, a indústria de manufatura enfrentou um impacto: operadores de linhas de montagem, conferentes de estoque, inspetores de qualidade manual e controladores de produção estão entre os mais afetados pela automação.
Só no Brasil, segundo associações industriais, houve uma diminuição de aproximadamente 40 mil vagas nesses cargos ao longo dos últimos anos, motivada pelo uso de robôs industriais e sensores inteligentes capazes de desempenhar tarefas com maior precisão e velocidade.
Profissões administrativas sob risco
Também as áreas relacionadas à gestão administrativa vêm passando por mudanças profundas. Funções como digitadores, arquivistas e auxiliares de escritório perderam relevância, pois sistemas de automação documental, fluxos automatizados de e-mail e processamento inteligente de dados assumem atividades repetitivas. Levantamentos recentes indicam que mais de 12 mil vagas de digitador desapareceram em 2024, acompanhando a tendência internacional.
Ademais, secretários executivos, atendentes de telemarketing e suporte técnico inicial sofreram um declínio radical, uma vez que chatbots e assistentes virtuais conseguem responder rapidamente e com menor custo a demandas frequentes do público. Estima-se uma queda de 30% no número desses profissionais nas grandes cidades do Brasil desde 2020.
Áreas menos vulneráveis à extinção
Por outro lado, nem todas as carreiras enfrentam ameaça iminente. Ocupações ligadas à educação, saúde, psicologia e assistência social continuam apresentando resiliência. Tais cargos envolvem capacidade de julgamento, empatia e interação genuína, atributos desafiadores para algoritmos imitarem integralmente.
Além disso, cargos nos segmentos criativos, como produtores culturais, diretores e líderes de projetos, mantêm relevância. Isto ocorre porque as decisões estratégicas e o pensamento crítico são características humanas valorizadas nesses contextos, e ainda não substituídos por inteligência artificial.
Setor de saúde e análise clínica
Ainda que a IA já execute análises precisas de exames e diagnóstico preliminar, a atuação de médicos e enfermeiros segue insubstituível. Embora sistemas automatizados prestem auxílio relevante, o julgamento clínico e o cuidado humano continuam exigidos em situações complexas e de emergência.
Desafios e oportunidades diante das carreiras extintas
Na busca por adaptação, muitos profissionais recorreram à requalificação e ao aprendizado de novas competências tecnológicas. Assim, cursos de programação, análise de dados e automação vêm registrando alta procura, sinalizando a intenção dos trabalhadores de se manterem competitivos. Por consequência, cresce a demanda por habilidades interpessoais e criativas, bem como domínio de novas linguagens digitais.
No campo das engenharias, a IA já contribui para modelagem de estruturas e elaboração de projetos detalhados, mas o discernimento ético e técnico ainda depende de especialistas humanos.
Exemplos de carreiras eliminadas ou em desaparecimento
- Operadores de telemarketing: Queda superior a 20 mil vagas no Brasil nos últimos três anos.
- Digitadores: Mais de 12 mil vagas extintas em grandes cidades.
- Caixas bancários: Redução de 85 mil postos em cinco anos nas principais instituições.
- Auxiliares de escritório e arquivistas: Quase 10 mil vagas eliminadas.
- Operadores de linhas de montagem: Aproximadamente 40 mil vagas a menos desde 2020.
A adaptação do mercado depende da disponibilidade de treinamento contínuo para aqueles impactados por extinções de cargos, visando facilitar a transição para áreas menos expostas à automação.
O futuro dos trabalhadores diante da inteligência artificial
Em contrapartida ao desaparecimento progressivo de antigos cargos, novas profissões começam a surgir, especialmente ligadas à tecnologia, inovação e ética em algoritmos. Logo após uma fase inicial de incerteza, observa-se movimentação tanto do setor público quanto do privado para fomentar programas de reconversão profissional e formação contínua.
Assim, o cenário dos próximos anos aponta para uma valorização dos trabalhos com reflexão crítica, criatividade e sensibilidade humana, além de funções técnicas altamente especializadas. Segundo especialistas, a IA tende a ser utilizada como ferramenta de apoio, impulsionando produtividade e redefinindo atribuições de modo colaborativo.
Finalmente, quem estiver disposto a aprender novas habilidades e desenvolver competências interpessoais pode ter mais oportunidades de permanecer competitivo em um ambiente de trabalho cada vez mais tecnológico e exigente.
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