A integração acelerada da inteligência artificial no cotidiano das empresas prometia uma transformação positiva, com resultados mais rápidos e eficiência ampliada. No entanto, o cenário vivenciado por quem realmente utiliza essas ferramentas começa a gerar discussões intensas sobre produtividade.
Enquanto gestores mantêm altas expectativas sobre os ganhos do uso de IA, relatos recentes mostram que o impacto pode ser bem diferente do planejado, levando a reflexões urgentes sobre os rumos do trabalho em 2025.
Com base no estudo global do Upwork Research Institute, percebe-se um contraste: 96% dos executivos acreditam que a IA é sinônimo de maior produtividade, mas 77% dos usuários diretos afirmam que sua carga de trabalho só aumentou.
Além disso, quase metade dos profissionais não sabe direito como atingir as metas estabelecidas pelas chefias. A expansão da IA gera ansiedade e dúvidas, em vez de facilitar a rotina de muitos colaboradores — a ponto de aumentar riscos de esgotamento e elevação do turnover nas empresas.
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Como a IA impacta o dia a dia profissional
A chegada dos sistemas inteligentes nas empresas transformou rotinas, processos e até a cultura interna. Tarefas antes feitas manualmente passaram a ser automatizadas, mas isso não significou, para boa parte dos colaboradores, uma redução de demandas.
Pelo contrário, em grande parte dos casos ela acrescentou novos tipos de responsabilidades — como revisar outputs da IA, treinar modelos, ajustar fluxos e se atualizar constantemente.
Outro ponto relatado por muitos trabalhadores é que as expectativas dos gestores cresceram. Afinal, com IA, espera-se que o volume entregue seja ainda maior e os prazos, mais apertados. Porém, sem orientação clara e com ferramentas subutilizadas, a pressão cresce e a produtividade real pode cair.
Principais desafios enfrentados em 2025
Os desafios de 2025 envolvem muito mais do que dominar ferramentas tecnológicas. Os profissionais enfrentam obstáculos como metas elevadas demais, sobrecarga de trabalho, falta de orientação sobre o uso das novas tecnologias e dificuldade de integração dos sistemas inteligentes ao fluxo real das equipes. O estudo indica que 71% apresentam sinais de esgotamento e 65% relatam dificuldade em cumprir as metas estabelecidas.
O descompasso entre as altas expectativas corporativas e os recursos de formação e adaptação ao novo cenário são frequentemente apontados como fontes de desgaste emocional e estresse. Em um contexto no qual metade (47%) dos colaboradores sequer entende como será avaliado, o medo de não atingir a performance esperada é um fator de risco crescente.
Estratégias para otimizar a produtividade
Diante do aumento das pressões e da carga de trabalho, empresas e colaboradores buscam alternativas práticas para lidar com as novas demandas. Três estratégias despontam:
- Buscar especialistas externos: Integrar freelancers à equipe tem mostrado resultados acima da média em inovação, bem-estar e qualidade dos projetos.
- Redefinir métricas de desempenho: Times que participam da criação das próprias métricas indicam maior engajamento e menor estresse, valorizando criatividade, estratégia e adaptabilidade.
- Investir em capacitação contínua: Capacitar colaboradores para entender e utilizar a IA de forma criativa faz muita diferença no resultado final.
Essas ações tornam o ambiente mais flexível, melhoram a qualidade de vida e ajudam a restabelecer o equilíbrio entre entregas e capacidade real de trabalho.
Vantagens e desvantagens da IA no trabalho
Assim como qualquer inovação, a IA apresenta prós e contras. Entre os benefícios estão:
- Automação de tarefas repetitivas;
- Possibilidade de análise de dados em larga escala;
- Aumento potencial do alcance e precisão das equipes.
No entanto, entre as desvantagens, aparecem:
- Aumento das expectativas e da pressão sobre os profissionais;
- Facilidade para sobrecarga mental e burnout;
- Dificuldade de adaptação e curva de aprendizado íngreme para parte dos colaboradores.
O equilíbrio entre utilizar ao máximo as vantagens tecnológicas sem esquecer do limite humano é uma discussão cada vez mais urgente nas organizações.
Depoimentos de profissionais afetados
Funcionários relatam que, apesar de esperarem que a tecnologia diminuísse suas tarefas, muitas vezes o resultado foi o oposto. Uma analista de dados de uma multinacional descreveu: “Hoje, reviso muito mais e, além de minhas atividades tradicionais, preciso ajustar o que a IA produz. É como se faltasse tempo para o básico.” Outro colaborador do setor de marketing diz: “Os gestores acham que a gente vai entregar tudo em dobro só porque tem IA, mas não nos mostram exatamente como usar as ferramentas.”
Freelancers relatam experiências distintas, sentindo mais autonomia e flexibilidade, especialmente quando já dominam o uso de IA e atuam em projetos específicos de inovação.
Ferramentas de IA mais utilizadas
Entre as soluções mais usadas estão plataformas de automação de marketing, assistentes virtuais, sistemas de análise preditiva, aplicativos de geração de conteúdo assistido e ferramentas de atendimento ao cliente. Softwares como ChatGPT, Google Bard, Jasper, Notion AI e plataformas de CRM com inteligência são cada vez mais comuns e ajudam desde a execução de tarefas administrativas até apoio a decisões estratégicas.
Apesar disso, a integração dessas ferramentas depende sempre de treinamento e acompanhamento. Times que investem em treinamentos específicos conseguem engajar melhor e tirar mais valor das soluções contratadas.
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Cenários futuros: tendências em IA e trabalho
Para os próximos anos, a expectativa é que o papel da IA no mundo do trabalho continue crescendo, mas com ajustes necessários na maneira como equipes são organizadas e avaliadas. Tendências apontam para a adoção de modelos híbridos, em que humanos e máquinas colaboram de maneira equilibrada, com processos flexíveis e foco em habilidades.
A projeção é de um ambiente no qual a busca constante por atualização, o protagonismo dos colaboradores e a participação em decisões estratégicas sobre o uso da IA se tornem diferenciais para manter a saúde mental e os resultados nas empresas. Empresas que souberem alinhar tecnologia, pessoas e processos vão liderar os índices de retenção de talentos e engajamento.