5 formas de ensinar história indígena de uma perspectiva anticolonial

 

Um dos temas de maior relevância para o Brasil atual é, sem dúvidas, o meio-ambiente. E esse estudo começa, necessariamente, pelos estudos anticoloniais de nossas populações – a começar pelas populações fundadoras, os povos indígenas.

Por quê?

Primeiro, porque eles são nossos fundadores reais. Antes de Colombo, já havia populações humanas nas Américas, há pelo menos dez mil anos.

Segundo, porque a relação de indígenas com a natureza é sob um viés totalmente daquele dos europeus (e, por extensão, norte-americanos). A perspectiva indígena é totalmente anticapitalista, e isso é vital para pensarmos ecossistemas no século 21.

Dessa forma, lançarmos novas perspectivas sobre os “fundadores da terra” se faz necessário. Como?

 

1.      “Índios” não existem

Quando nos referimos aos nativo-americanos, o termo tradicionalmente usado – índios – se relaciona ao nome do país asiático – Índia, país no qual Colombo acreditara ter aportado.

Entretanto, esses povos fundadores têm culturas tão diferentes entre si quanto é, por exemplo, a dos romanos para a dos escandinavos.

Logo, o correto é que essas populações sejam referidas pelo gentílico de suas nações originárias. Com europeus falamos “Portugueses”, “Espanhóis” e “Ingleses”; como nativos deveríamos falar “Quéchuas”, “Xavantes”, “Aimarás”, etc…

Já, para as populações em geral, devemos usar “Indígenas” (isso é, originários daquele lugar) ou ainda “Povos nativos/fundadores/originários”.

 

2.      Cada cultura tem uma cosmologia própria

Cada cultura indígena têm uma cosmologia própria. Isso é, enxerga a criação e estruturação do mundo de uma maneira. Logo, não é possível generalizar todas como “Folclore”.

São religiões com valores implícitos e fundamentos e em termos de urbanização, agricultura e organização política, revelam sobre aqueles povos.

Preservar essas culturas significa tratar elas por suas especificidades. Entender como que cada povo se percebe no mundo significa entender a formação das Américas pré-colombiana.

 

3.      Não tire o protagonismo de indígenas

Tirar o protagonismo de indígenas significa narrar a Historia a partir da perspectiva tradicional. Isso é, a partir de relações políticas e sociais estabelecidas pelos europeus.

Ao fazermos isso, estamos perpetuando uma narrativa única. Mesmo que essa narrativa coloque os europeus enquanto como “vilões”.

Descolonizar a história indígena significa adotar a perspectiva de uma pessoa indígena, colocar uma pessoa indígena como figura central da narrativa.

 

4.      Questione postulados

Questionar o que a escola tradicional coloca, nas aulas de História e Geografia, é vital para pensar uma história indígena anticolonial.

Algumas afirmações sobre pessoas indígenas são carregadas de posicionamentos precipitados e racistas. Por exemplo, o canibalismo de alguns povos.

Sim, é um ato horrível do ponto de vista de uma ética universal. Mas por que ele acontecia? Qual o fundamento simbólico que há no ato, da perspectiva dos indígenas?

 

5.      Estabeleça relações cronológica

Entender a herança indígena em nosso cotidiano, mais do que servir aos estudos sobre aqueles povos, revela sobre nossa história branca.

Por que certas práticas foram adotas, e outras não? O que elas revelam sobre a relação humana com a natureza?

Tais questionamentos nos ajudam a entender a história dos povos originários, de forma anticolonial.

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