Só literatura – 15 poetas brasileiros importantes – parte II

A poesia brasileira é um território vasto e multifacetado, onde diferentes vozes, estilos e períodos se entrelaçam para formar um dos patrimônios literários mais ricos da língua portuguesa. Nesta segunda parte da série “Só Literatura – 15 poetas brasileiros importantes”, continuamos a jornada por entre versos que marcaram gerações, desafiaram padrões e deram voz às emoções mais profundas da nossa cultura.

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Prepare-se para redescobrir nomes consagrados, reverenciar autores menos lembrados e refletir sobre a força transformadora da poesia no Brasil.

Veja grandes 15 poetas brasileiros de importância

1. Ana Cristina Cesar – ícone da poesia marginal dos anos 1970, sua escrita é marcada por um tom confessional e intimista.
2. Mario Quintana – poeta do cotidiano, encantava com lirismo simples e humor sutil.
3. Cora Coralina – começou a publicar tarde, mas encantou o Brasil com versos sobre a vida no interior e a força feminina.
4. Murilo Mendes – ligado ao modernismo e ao surrealismo, explorou temas religiosos e existenciais.
5. Adélia Prado – com uma linguagem acessível e sensível, une espiritualidade e sensualidade em sua poesia.
6. Patativa do Assaré – poeta popular nordestino, destacou-se com versos sobre o sertão e a luta do povo.
7. Ferreira Gullar – poeta engajado, escreveu com força política e existencial, além de integrar o movimento concretista.
8. João Cabral de Melo Neto – conhecido por sua poesia seca e rigorosa, retratou o sertão e a condição humana.
9. Cecília Meireles – poesia delicada e musical, com temas como o tempo, a infância e a efemeridade.
10. Carlos Drummond de Andrade – um dos maiores nomes da poesia brasileira, combinou humor, angústia e crítica social.
11. Hilda Hilst – poeta intensa e provocadora, abordou erotismo, metafísica e existencialismo.
12. Vinicius de Moraes – poeta e letrista, uniu lirismo amoroso e linguagem musical em sua obra.
13. Jorge de Lima – autor de obra multifacetada, transitou entre o modernismo e o barroco, explorando temas religiosos e sociais.
14. Manoel de Barros – celebrado por sua linguagem inventiva, deu voz às coisas simples e à natureza com originalidade.
15. Manuel Bandeira – modernista pioneiro, sua poesia mescla melancolia, humor e cotidiano com grande sensibilidade.

Conheça mais a fundo

Manuel Bandeira

Nascido em 19 de abril de 1886, em Recife (PE), destacou-se como poeta, mas também atuou como professor e inspetor escolar. Faleceu em 13 de outubro de 1968, no Rio de Janeiro.

Sua produção literária integra a fase inicial do modernismo no Brasil. Entre seus textos mais conhecidos está o poema “Vou-me embora pra Pasárgada”:

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau de sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Cecília Meireles

Nasceu no dia 7 de novembro de 1901, no Rio de Janeiro, onde também faleceu, em 9 de novembro de 1964. Além de se destacar como poetisa, atuou como professora e teve grande influência na educação e na literatura brasileiras.

Sua produção literária integra a segunda fase do modernismo no Brasil, marcada por uma linguagem mais lírica e introspectiva. Um dos poemas mais lembrados de sua obra é “Motivo”, reconhecido por sua sensibilidade e profundidade emocional.

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Carlos Drummond de Andrade

Nasceu em 31 de outubro de 1902, na cidade de Itabira, em Minas Gerais. Atuou como poeta e também teve carreira como servidor público. Faleceu no Rio de Janeiro, em 17 de agosto de 1987.

Pertence à segunda fase do modernismo brasileiro e é amplamente reconhecido por poemas marcantes, como o célebre “No meio do caminho”.

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

 

Mycarla Oliveira, especialista em língua portuguesa, no portal Pensar Cursos, também detalha sobre “De onde vieram os sotaques brasileiros mais populares no país?”, pois, mesmo que todos falemos português aqui, as variações de pronúncia, entonação e vocabulário entre as regiões formam um verdadeiro mosaico de sotaques que encantam, intrigam e, muitas vezes, revelam a origem de cada brasileiro.